Este é um comentário de Carlos Eduardo Gomes, sobre o texto do escritor Alcindo Alves da Costa,
"O Poder Político e Econômico de Lampião sobre Sergipe"
publicado no dia 20 de maio de 2010, no blog "Cariri Cangaço".
Tenho enorme respeito e admiração pelo grande arquivo vivo da história do cangaço na região onde muitos cangaceiros do bando de Lampião nasceram, o querido Alcino Alves.
Alcindo Alves
Um dos livros que mais me impressionaram, foi exatamente o “Lampião Além da Versão” de nosso mestre Alcino. Nesse trabalho o leitor tem a exata dimensão do horror que viviam os sertanejos nas terras frequentadas por cangaceiros e volantes.
Com todo respeito e admiração que tenho por meu professor, vou pedir licença ao mestre para discordar de sua análise sobre as consequências da presença de Lampião e seu bando na frágil economia sertaneja.
Bando de cangaceiro de Lampião
Os poucos sertanejos, talvez algumas centenas, que foram contratados para dar combate aos cangaceiros, estariam bem melhor empregados se ocupassem postos no comércio, ou nas fazendas, aumentando a produção local.
Em qualquer ambiente que não seja seguro, os investimentos tendem a diminuir, migrando para áreas onde o investidor tenha melhor condição de negócio. Se os estados gastassem os recursos destinados ao combate ao cangaceirismo, em investimentos na infra-estrutura e educação, o sertanejo teria muito mais oportunidades e um trabalhador melhor preparado.
Na irracionalidade do combate ao cangaceirismo, chegou-se a fazer uma tentativa de esvaziar parte do sertão baiano para dificultar a sobrevivência do bando. Imagine as consequências dessa medida na vida das famílias atingidas.
O produto dos sequestros de Lampião, poupança das famílias, ou mesmo capital de giro dos comerciantes, era subtraído e transformado em consumo de bens produzidos em sua maior parte fora da região (armas, munição, bebidas, etc.)
O cangaceiro, sistematicamente sabotava a comunicação via telégrafo e procurava obstruir a construção das estradas, condições essenciais para o desenvolvimento da região.
Fico apreensivo com a possibilidade de alguém considerar que o terror e o crime possam trazer algum benefício sequer.
Meu prezado Alcino, apesar dessa divergência pontual, continuo reverenciando o pesquisador e o cidadão de grande valor que é o Caipira de Poço Redondo, meu bom amigo.
Carlos Eduardo Gomes
Se o leitor tem interesse de ler o texto, acesse:
Cariri Cangaço - "O Poder Político e Econômico de Lampião sobre Sergipe"
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