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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Abraham Lincoln - Memória da história

Por: José Mendes Pereira
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 O dia em que Lincoln foi morto
Na noite de 14 de abril de 1865, um popular ator teatral, John Wilker Booth, saiu da história do teatro para entrar na História dos Estados Unidos.
A cena ocorreu num cenário adequado a um ator; o Teatro Ford, em Washington, durante a apresentação da peça Nosso Primo da América, comédia estrelada por Laura Keen. A grande diferença é que ocorreu na platéia, e não na ribalta, e quando o espetáculo acabou, a história havia sido alterada com a morte de um Presidente da República.

O AMANHECER DO ÚLTIMO DIA

O último dia de Abraham Lincoln começou às sete da manhã, o que, para ele, já era tarde. Fez a primeira refeição ao lado da mulher. Mary Lincoln, e dos filhos Robert e Tad, este, o caçula, tinha 12 anos e um defeito na boca que lhe afetava a direção e atrapalhava a vida escolar.

 
Abraham Lincoln e Mary Lincoln
Lincoln tratava o filho menor com especial atenção e carinho. Tad era a única pessoa na Casa Branca que podia interromper uma reunião do Gabinete e falar com o Presidente. Acrescenta-se à afeição de Lincoln, o trauma de ter perdido dois filhos, um com quatro anos e outro com meses de idade.
Durante o café da manhã, no qual mal comeu, o Presidente ouviu interessado o relatório de Robert, de 21 anos, sobre os últimos dias da Guerra Civil e a personalidade do General Grant, que havia chegado a Washington aclamado como herói.

A certa altura, Mary Lincoln disse ao Presidente que não queria ir ao teatro de Grover, onde, naquela noite, se realizaria o sarau da vitória. Preferia ver a peça Nosso Primo da América. Robert respondeu que já tinha outro compromisso e Lincoln decidiu convidar o casal Grant.
A hora final
Aos 56 anos Lincoln parecia mais velho e dava sinais de esgotamento físico e emocional. No dia 14 de abril, estava com 18 quilos abaixo de seu peso normal, andava como alguém que sente dores nos pés e, às vezes, precisava da ajuda do cocheiro para subir ou descer do carro.
Era um homem velho, enfermo e deprimido:
Combatera tão duramente quanto não importa qual soldado no campo de batalha, para realizar a união entre os Estados Unidos, e agora, com a guerra chegando ao final, seu moral parecia fraquejar. Achava-se à beira de grave depressão nervosa.
Criou-se, então, em torno do Presidente, um círculo para protegê-lo da audácia dos importunos, e também, visando à diminuição do seu ritmo de trabalho. Há um mês, na manhã de 14 de março, não conseguiu levantar-se do leito e, após ser medicado, reapareceu com a tez amarelada e parecendo estar doente. Os jornais registraram que estava gripado, mas, a partir dessa data, Washington passou a conviver com a possibilidade de ele não chegar ao fim do mandato. Mary Lincoln irrompeu no gabinete presidencial, interrompendo bruscamente a conversa do Presidente com um velho amigo: “Será que você quer fazer a gente chegar tarde”

A sra. Lincoln gargalhava no instante em que Wilker Booth, que se achava a um metro e 50 do Presidente, com o cano-da-pistola apontado para a nuca dele, apertou o gatilho.
O Presidente não gritou, não caiu da cadeira, nem o corpo estremeceu. Apenas a cabeça pendeu sobre o peito, e assim permaneceu imóvel.
Se alguém o visse, naquele instante, imaginaria que havia adormecido, e, de certa maneira, era o que tinha acontecido.
Fonte: Tribuna do Norte
Publicado no dia 16 de Abril de 1994

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