Por: Kydelmir Dantas
Quando se fala sobre o "Ataque de Lampião a Mossoró", a primeira imagem que se visualiza é a do bando comandado pelo seu famoso chefe; só se fala na morte de Jararaca. o resto fica relegado a segundo plano. Pouco se fala sobre a Resistência e Mossoró a este ataque e há até quem duvide do acontecido, talvez ou só para se promover como discordante.
Como discordar de uma verdade histórica? Será que dezenas de homens probos e honestos iriam inventá-la, apenas para aparecer? E o que dizer das centenas de pessoas transportadas para Areia Branca, por via férrea, carros, carroças e animais? Sem se falar das que se embrenharam nos matos ou se fecharam em suas casas. Muitos viram o grupo passando, escutaram o tiroteio; viram o corpo de Colchete em frente à Igreja Matriz, visitaram Jararaca na cadeia.
Acima de tudo isto, temos a atitude serena e corajosa de um homem que, desde os primeiros boatos, há meses, vinha se preparando para resistir a esse ataque.
O único que acreditou na audácia de Lampião, Massilon Leite, Jararaca, Sabino e seus companheiros. Que procurou reunir seus munícipes e não achou respaldo, no início; procurou se comunicar com o governo estadual para fortalecer o destacamento policial militar; comprou armas e munições, fazendo estoques até o momento certo para a sua distribuição; procurou e obteve ajuda de comerciantes para preparar a defesa e, por fim, foi coerente ao responder com um “Não” aos bilhetes enviados pelo Rei do Cangaço.
Este, que veio de Port”Alegre-RN para cumprir o seu destino como Cidadão e Prefeito deste município, é digno de ser lembrado e festejado por todos. Devido a sua coragem e arrojo, Mossoró faz parte da história do Cangaço.
Foi aqui onde Lampião teve e reconheceu uma grande derrota, deixando um morto, um preso e levando alguns baleados. Ainda hoje encontramos sobreviventes que ratificam nossas palavras, rememorando os acontecimentos do 13 de Junho de 1927.
Graças a a este homem e seus amigos, Mossoró não foi saqueada, como Souza-PB (1924) ou Apodi (10/05/27); por isto é que devemos dar vivas ao Coronel RODOLFO FERNANDES, o homem que, assim disseram: “Encarnou toda a bravura cívica dessa gente na hora amarga do desafio lampionesco”.
Antonio Kydelmir Dantas de Oliveira – Pesquisador, agrônomo e escritor, de Nova Floresta – PB. Artigo também publicado no jornal O Mossoroense em 13 de Junho de 1996.
Fonte:
"Nas Garras de Lampião"
Autor: Raimundo Soares de Brito (Raibrito)
Ano de Publicação: 2006
Pág: 113
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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