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quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Na minha opinião - Fantasias do cangaceiro Balão

Por: José Mendes Pereira
Guilherme Alves- o cangaceiro Balão

"Uma vez me perdi do bando e fiquei um ano nas caatingas de Bebedouro, Jeremoabo, Cipó de Leite, sem ver uma alma viva. No começo eu estava com Anjo Roque e sua mulher". 

Ângelo Roque - Vulgo - Labareda

Continua. "Ele, porém, era ciumento e nos separamos. Fiquei só. Pensei em me entregar, mas seria morte certa. Vaguei pela caatinga como um porco-do-mato, comendo raiz de imbuzeiro, folhas e carne de bode." 

Onde ele cozinhava a carne, se passou um ano sem ver um pé de pessoa?. 

Continua o depoente: "Do cipó de mucunã tirava a água: a gente corta, assopra e ela vai caindo, avermelhada, mas doce. Quem não conhece o truque morre de sede pisando na água.

Consegui esconder-me até escurecer e então comecei a descer, seguindo o rio. Os soldados, porém, não haviam desistido, logo eu os senti na minha pista. Resolvi tentar driblá-los. Voltei e consegui outra vez furar o cerco 

No caminho derrubei um soldado que gritou, antes de morrer: "Pelo amor de Deus, eu não tenho culpa!" Depois contei mais de quinhentos buracos de bala na minha roupa e nos bornais." 

Pelo que ele diz levou muito tempo para contar os buracos de balas.

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