Por: Lúcia Costa
Raibrito
no lançamento da sua biblioteca virtual, projeto da Petrobrás.
Foto: Ricardo
Lopes
Faleceu na terça, dia 27 de novembro de 2012, o historiador
e escritor Raimundo Soares de Brito. Raibrito, como está registrado em suas
obras, nasceu no dia 23 de abril de 1920, em Caraúbas. Filho de José Soares de
Brito e de Raimunda Saul da Costa.
Em Caraúbas, Raibrito exerceu diversas atividades como jogador de futebol,
fotógrafo, desenhista, comerciário e comerciante.
Com passagens por Natal, Fortaleza, Assu e Mossoró, cidade que o acolheu
e tornou-se uma paixão, pela sua história, sua gente.
Ao longo da vida, Raibrito ocupou diversos cargos públicos. Ainda em Caraúbas
foi juiz distrital e exerceu três mandatos como vereador.
Raibrito foi gerente postal dos Correios de
Caraúbas, Assu e Mossoró, onde se aposentou. Também foi diretor do Museu
Municipal Lauro da Escóssia.
Desde menino gostava de ler até tarde, sob a luz de lampião, mesmo
sofrendo reprimenda do pai. Adolescente, passou a escrever, especialmente sobre
a seca e, adulto, teve a ousadia de enviar um de seus textos acompanhado de
fotos de dois jumentos mortos de fome, tiradas por ele, para o jornalista já
falecido, David Nasser, da revista Cruzeiro, publicação nacional que fazia o
maior sucesso na época.
Para surpresa de Raibrito, o renomado jornalista publicou o material com destaque,
em página dupla, como se fosse dele, David Nasser. Não deu crédito nem mesmo
para as fotos, que Raibrito guardava os originais, bem como cópia em carbono do
texto datilografado.
A falta de ética do renomado jornalista serviu de estímulo, pois Raibrito não
desistiu de sua intuição para a escrita e, de lá para cá, publicou mais de
cinquenta obras, sendo as duas últimas EU, EGO E OS OUTROS e o DICIONÁRIO
DE RUAS E PATRONOS DE MOSSORÓ, esse último em dois volumes, ambos frutos de
quarenta anos de pesquisas.
Raibrito dedicava sua vida ao ofício de pesquisar a história e biografia de
norterriograndenses, num esforço e abnegação fora do comum. Por isso, recebeu
ao longo da vida, muitas homenagens, pois seus arquivos eram disponibilizados
sem nenhum custo para estudantes, universitários e profissionais mais diversos.
Da comunidade acadêmica, recebeu o título de Doutor Honoris Causa, pela UERN –
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte.
Raimundo
em sua hemeroteca, num dos cômodos da casa
Raibrito era
sócio de diversas casas de cultura, como Academia Norte rio grandense
de Letras, Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, Academia
Mossoroense de Letras, Instituto Cultural do Oeste Potiguar, Fundação Vingt-un
Rosado e Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço.
Em agosto de
2005, a Petrobras patrocinou a criação da Biblioteca Virtual Raimundo Soares de
Brito, que surgiu da necessidade de se preservar o grandioso acervo da
hemeroteca de Raibrito, composta de mais de duzentos mil documentos, entre
recortes de jornais, revistas, publicações e pesquisas próprias, que
testemunham a história do Rio Grande do Norte.
Raibrito era
considerado o guardião da cultura potiguar porque durante mais de cinquenta
anos sua residência foi visitada por jornalistas, intelectuais,
escritores, professores, estudantes e curiosos que faziam do acervo de Raibrito
a fonte de suas pesquisas.
Homem simples, desprovido de qualquer vaidade, Raibrito adquiria diariamente
todos os jornais do estado, pagando com sua modesta aposentadoria, para
alimentar sua hemeroteca, que ocupava todas as dependências da casa, no Conjunto
Walfredo Gurgel. Há cerca de dez anos ele adquiriu a casa da frente, para onde
foi transferido parte do seu acervo e onde a Petrobras montou uma estrutura
para digitalizar o acervo que durante um tempo ficou disponível no site www.raibrito.com.br. Não se sabe o
motivo por que saiu da net.
Em novembro de 2003, a TCM - TV Cabo Mossoró – gravou o primeiro programa
Mossoró de Todos os Tempos, apresentado pelo hoje reitor Milton Marques, na
residência de Raibrito, momento em que Raibrito contou sua trajetória, falou de
suas obras, paixão pelas letras e, especialmente, pela pesquisa.
Há alguns anos Raibrito havia fixado residência no bairro de Capim Macio, em
Natal, com seu sobrinho e secretário, professor Marcos Antonio – Marquinhos -
por ele adotado desde criança e a quem transferiu o gosto pela leitura,
pesquisa e livros.
Era sonho de Raibrito lançar uma obra com potiguares ilustres, aqueles que
fizeram a diferença e conquistaram destaque em nível nacional ou internacional.
Para isso, mantinha um excelente material, que vinha pesquisando há um tempão.
Raibrito foi
casado com Dinorá de Brito, falecida em 2004, e pai de Socorro Figueiredo,
residente em Brasília. Deixa netos bisnetos.
Nas redes
sociais Raibrito foi lembrado com carinho, tão logo foi anunciada sua passagem
para a casa do Pai. Como ele tinha mania de separar em pastas, tudo o que lia
sobre personagens de todos os segmentos da cidade e do estado, o escritor Caio
Cesar Muniz postou algo no Facebook, que bem ilustra como funcionava a
hemeroteca de Raibrito: “Qualquer pessoa que figurasse no noticiário do
RN ‘ganhava’ uma pasta com seu nome e, a partir dali, sempre que
surgia uma nova notícia, Raibrito a recordava e ia montando a história desta
personagem. Que alegria e que surpresa não senti ao ser apresentado à ‘minha
pasta’! Vá em paz, grande mestre!!!”
Em noite de cultura no Teatro Municipal, Raibrito,
Vingt-un Rosado,
Aline Linhares e Dorian Jorge Freire
É o que todos
desejam carinhosamente. Missão cumprida e vida que segue.
http://www.luciarocha.com.br/
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