Por: Cabo Francisco Carlos Jorge de Oliveira
Amigo Mendes,
Uma vez ouvi
uma história contada por um cabra daí, das bandas do nordeste, isto é, do
Cariri Velho de Baixo, e segundo este homem, o tal cangaceiro por alcunha Jararaca
não fazia tanto jus ao apelido recebido, comparando-o ao comportamento super-
agressivo e cruel da tal serpente peçonhenta.
Isto aconteceu
em Sergipe, numa manhã ensolarada do mês de agosto, mais ou menos nove horas,
quando se ouvia ao longe a cantiga dos cocões de um velho carro de bois,
carregado de troncos de aroeira, que a passo lento vinha pela estrada estreita,
subindo a longa rampa no sopé de uma serra. O aboio do carreiro que conduzindo
seis juntas de bois, ecoava à léguas de distâncias, dentro daquele sertão
bravio.
Bem adiante,
quando o referido carro de bois alcançava o alto do espigão, o carreiro viu à
sua frente, sentado sobre uma pedra, à sombra de uma barriguda, um homem
negro, alto, cabelos de carapinha, cansado, faminto e com a roupa toda rasgada.
Esse estava com um punhal atravessado no cinturão, desprovido de munição e
segurava um fuzil que num gesto súbito, se levantou e acenou para o carreiro
parar, aproximando-se então do carreiro, pediu-lhe água e comida.
Aproveitando a
sombra da árvore, o carreiro deu um descanso aos bois, em seguida pegou uma
patrona de couro e também uma cabaça repleta de água fresca, descendo do
carretão, sentou-se ao lado do estranho, dando-lhe a porunga com água.
O cabra bebeu
gorgolejando e derramando água pelo peito a fora, limpou a boca com a costa da
mão, pegando uma cuia com um bocado de farinha e alguns nacos de jabá cozido. Alimentando-se
com muita avidez, notava-se que o cabra era um cangaceiro, e estava foragido há
dias em meio às caatingas do sertão, e era isto mesmo. Mas mesmo assim, o carreiro
não demonstrou medo, nem fez perguntas ao estranho, que lhe pediu uma carona ao carreiro até mais adiante, e assim, durante a
viagem, ele adormeceu, vindo a despertar-se assustado com o solavanco do atrito
das rodas de madeira com as pedras do caminho. Isto já a algumas léguas de distância.
Eles estavam perto de um riacho, dai o cabra pediu para o carreiro parar. Logo
após ele apear, perguntou-lhe:
- O senhor é
casado?
- Sim.
- E quantos
filhos o senhor tem?
- Três.
- O senhor é
dono de terras?
- Não. Sou empregado.
Daí, o cabra
tirou de dentro do cinto quatro patacas de ouro maciço e entregou ao velho
carreiro dizendo-lhe:
- Isto, meu
amigo, é um presente do cangaceiro Jararaca. Vá com Deus, e que o meu Padim Ciço lhe
proteja pelo caminho.
O carreiro
agradeceu com um gesto de cabeça e partiu feliz, tangendo os bois pela longa
estrada poeirenta.
Já o cangaceiro
Jararaca embrenhou-se caatinga à dentro, rumo à uma fazenda por nome "Toca
do Mocó", para se abastecer de munição e suprimentos, e se reagrupar com os
demais cangaceiros, dispersados pelo confronto com a volante do tenente Zé
Rufino.
Esta é mais
uma das mil histórias do cabo Francisco Carlos Jorge de Oliveira.
Enviado pelo autor
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
CARO AMIGO MENDES, DE ACORDO COM O TRABALHO ELABORADO PELOS MAIS COMPETENTES PESQUISADORES E ESCRITORES DESTE FANTÁSTICO MUNDO DO CANGAÇO E SEGUNDO A SEUS RELATOS E ESCLARECIMENTOS SOBRE O ASSUNTO;NÃO SE SABE AO CERTO SE FOI TALVEZ POR UMA TÁTICA DE GUERRILHA OU ALGUMA ESTRATÉGIA PARA CONFUNDIR SEUS PERSEGUIDORES QUE LAMPIÃO USOU A ARTIMANHA DE REPETIR,E OU COLOCAR NOMES DE CANGACEIROS ABATIDOS EM COMBATE PARA BATIZAR OS NOVATOS QUE ENTRAVAM PARA O SEU BANDO. ADOREI SUA CORREÇÃO,AGORA SE É O JARARACA 1,2 OU TRÊS, EU NÃO VOU LHES DIZER MAS, DEIXAREI PARA MOSTRAR AOS LEITORES NA PRÓXIMA HISTÓRIA QUE LHE POSTAREI EM BREVE.VOCÊ VAI GOSTAR, ACREDITO.
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