Por doizinho quental
O
Coronel Manuel Leite de Moura era uma figura muito importante da cidade de
Brejo dos Santos CE, por volta de 1926.
De temperamento pacato e de princípios religiosos, foi um pai de família honrado e respeitado por
todos dessa pequena cidade da região do Cariri, no interior do Ceará.
Homem abastado, possuía muitas terras e
fazendas, mantendo na mesma cidade, um
comércio de tecidos conhecido como "a loja do Coronel Manuel Leite".
Naquela época grassava o cangaço em toda
a região do Cariri e, principalmente, nas terras do Pajeú, sertão de
Pernambuco, onde imperava o reinado de “Lampião”.
Virgulino à direita e Sinhô Pereira à direita
Virgulino Ferreira da Silva, o
“Lampião”, costumava viajar, com o bando de Sinhô Pereira e posteriormente, a
partir de 1922, com o seu próprio bando, tanto para as terras do coronel José
Inácio do Barro, como para Juazeiro do Norte, cidade do Padre Cícero Romão
Batista. Dificilmente este afamado cangaceiro, em respeito ao "meu padim
Pade Cíço", atacava o Ceará, todavia, a sua fama de saqueador de cidades
corria o mundo e ninguém confiava nesta atenção. Quando o povo sabia da
proximidade do seu bando, ficava desesperado e muitas vezes armava-se para
defender as suas famílias.
Foi exatamente em uma dessas passagens
para Juazeiro do Norte, que o bando se aproximou de Brejo dos Santos e o povo,
alvoroçado, correu para se defender. A população ficou em polvorosa. Saía gente
de todo lugar, avisando e pedindo para que se prevenissem contra o possível
ataque de “Lampião”.
O coronel Manuel Leite também se vexou,
procurando defesa. Na agonia e no desespero da tão decantada invasão, correu e agarrou o seu rifle cruzeta e
colocou a cartucheira na cintura, o que não era o seu costume nem a sua
aptidão. Quando voltou todo equipado, chamou logo a atenção dos presentes, pelo
inusitado da vestimenta. Guardando certa pose, desfilava um tanto orgulhoso e
altaneiro pela casa, quando se ouve um barulhozinho: top, top, top...
O negro
Zé Felix, seu amigo e compadre, por sinal muito valente, depois de observá-lo
atentamente, falou:
- Coroné, o sinhô colocou a cartucheira foi de cabeça pra
baixo e as balas estão todas despencando!
Ninguém aguentou, todos caíram na gargalhada, enquanto o meu avô
repetia, desapontado:
- Ô que seiscentos diabos! Eu não dou pra isto,
definitivamente eu não dou pra isto!...
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