Por Raul Meneleu Mascarenhas
Pancho Villa
A história nos
mostra tantas estórias de pessoas destemidas e violentas que ao entrarem na
política, tornaram-se ídolos para os pobres. Por exemplo, Francisco (Pacho) Villa
foi fugitivo da justiça, por mais da metade de sua vida, ladrão de estradas e
de gado. Uma pessoa que mal sabia ler e escrever, mas que se tornou governador
de Chihuahua, no México, fundou mais 50 escolas para os filhos dos mexicanos
pobres e tornou-se querido pelos campesinos. Através de seus roubos criou uma
grande rede de contrabando a serviço de uma revolução. Era um homem tão odiado
que o mataram com mais de 150 tiros.
Pancho
Villa e seus sequazes
A realidade
mexicana é diferente da brasileira, apesar de também termos origens europeia,
indígenas e africanas, a proporcionalidade dos povos difere bastante. O México
é mais indígena do que o Brasil, que é mais negro.
Este fato se reflete na resistência dos dois povos, no sul do México o exército camponês, liderado por Emiliano Zapata, combateu a expropriação das terras comunais, herança dos povos indígenas. No Brasil a existência deste tipo de terras não é comum, pois sempre teve 'dono' se bem que arrendassem aos lavradores pobres em sistemas de cotas.
Outra
dificuldade de compreensão é a própria heterogeneidade da realidade mexicana,
enquanto no sul os camponeses lutaram para garantir à posse de suas terras
coletivas, no norte a luta esteve centrada na reforma agrária e na divisão dos
latifúndios para os trabalhadores. Além das diferenças regionais, saltam aos
olhos as relações estabelecidas entre as forças políticas no contexto da
Revolução.
LAMPIÃO E SEUS
CANGACEIROS
No caso de
Lampião, ele não tinha motivação política para combater as forças públicas
representadas pela Polícia Militar. Mas Getúlio Vargas, um caudilho acostumado
na lida com o povo, sabia que isso poderia descambar para um movimento de
massas, que seria quase impossível ser combatida, pois as estratégias dos
cangaceiros fundava-se na luta de guerrilhas, atacando onde não esperavam e o
aprendizado da derrota do ataque cangaceiro à cidade de Mossoró no Rio Grande
do Norte, seria visto como "lição aprendida".
O governo Getulista não poderia se dar ao luxo de aceitar com tranquilidade esse
movimento pois governos passados já tinham como "lição aprendida" o
ataque a Canudos, onde foi preciso desprender maior contingente e força.
Vejamos que os fanáticos de Antônio Conselheiro não tinham esse poderio bélico
todo, assim como Lampião e seus cangaceiros, que possuíam armas mais
modernas da época e sua munição era sempre nova.
Estava se
tornando perigoso, pois Lampião cada vez mais se aproximava da política e mesmo
sendo contestado pelos comandantes das principais forças dos estados, poderia
iniciar um movimento de contestação maior, onde envolvesse a luta campesina de
reforma agrária. Próximo a Lampião, já tinha pessoas esclarecidas, como o
Mascate Líbio Benjamim Abraão, que bem poderia abrir os olhos mais ainda de
Lampião para a política. O próprio Lampião já se arvorava em Governador do
Sertão. Só estava faltando sua formação política e isso poderia se dá se
não tivesse sido morto no sertão sergipano.
http://meneleu.blogspot.com.br/2014/11/lampiao-seria-eleito-governador-do.html
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