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quarta-feira, 24 de junho de 2015

O QUE VOCÊ FARIA?

Por Aderbal Nogueira

O que você diria se encontrasse Lampião em seu terreiro ladeado por Ângelo Roque e Zé Baiano? Pense bem antes de responder e seja sucinto.

Archimedes Marques respondeu:

Caros amigos Aderbal Nogueira e Voltaseca Volta, acho que qualquer um, sem outra alternativa, PASSARIA A PUXAR O SACO DELES DANDO TUDO QUE ELES QUISESSEM. Aqui, há pouco tempo atrás tinha um pistoleiro de grande fama conhecido por CHAPÉU DE COURO (acusado de matar inclusive aquela deputada Cecí Cunha de Alagoas) e então na época em que ele não estava preso em todo lugar que ele chegava, TODO MUNDO IA PUXAR O SACO DELE. 

Na penitenciária era o mais respeitado de todos, mandava em todo mundo. Falando dele na penitenciária ele tinha uma cadelinha daquelas pequeninha que era o maior amor entre os dois, todos os guardas penitenciários citavam isso, daí, determinado dia eu fui lá porque recebi um recado que ele queria falar comigo, e vi o porque de tanto amor dos dois: QUANDO CHEGOU O ALMOÇO ELE DEU AS TRÊS PRIMEIRAS GARFADAS TIRADAS DE LUGARES DIFERENTES DO PRATO PARA A CADELINHA, E SÓ DEPOIS DE UNS CINCO MINUTOS É QUE ELE PRÓPRIO PASSOU A COMER, é mole?.

Mas também foi nesse dia que Maurício Chapéu de Couro salvou a minha vida, me avisando de uma trama que tinha sido arquitetada para me matar. O pessoal através dele queria contratar UM BOM PISTOLEIRO (ele também era empresário do crime), daí ele não aceitou a proposta e até me alertou de tudo. Eu estava investigando uma GRANDE QUADRILHA DE ASSALTANTES DE CAMINHONEIROS, daqueles que roubavam as cargas e matavam os caminhoneiros. 

Ele simpatizou comigo e até se fez meu amigo, porque apesar de eu ter prendido ele, o tratei da melhor maneira possível. Acho que só estou vivo por causa de Chapéu de Couro. E ele me dizia: "- DOUTOR, QUANDO PRECISAR DE QUALQUER COISA É SÓ ME FALAR. E eu respondia: "- DO SENHOR EU SÓ QUERO O SEU RESPEITO E A SUA AMIZADE. Uma figura, como amigo uma excelente pessoa. Eis aí a fotografia do amigo Maurício Chapéu de Couro, já em idade avançada, pouco tempo antes da sua morte.

Maurício Chapéu de Couro

Antônio Corrêa Sobrinho deu a sua opinião dizendo o seguinte:

Lendo acima Archimedes Marques, nosso valoroso delegado de polícia, um dos grandes da literatura cangaceira moderna, sobre a sua experiência com "Chapéu de Couro", fez-me lembrar de um matador de aluguel com inúmeras mortes nas costas, o qual, ao ser indagado por um repórter - se não lhe pesava na consciência ter matado tanta gente? Respondeu: "- Todos mereceram!".

Ainda Archimedes marques:

Conheci outro pistoleiro caro amigo Antônio Corrêa Sobrinho, que quando perguntei se ele não se arrependia de ter matado tanta gente e então ele me respondeu: "QUE A PARTIR DO MOMENTO EM QUE ERA CONTRATADO PARA MATAR, JÁ COMEÇAVA A TER RAIVA DA VÍTIMA, PORTANTO, ERA COMO SE TIVESSE MATANDO UM INIMIGO".

Continua Archimedes Marques - Me parece que para alguns o instinto de mau já vem desde criança. Há alguns anos atrás quando eu estava dirigindo a Delegacia de Menores de Aracaju, prendemos um menor de 14 anos que tinha matado outro à faca e em seguida puxado a vítima pelos cabelos por cerca de 50 metros fazendo aquele rastro de sangue e então eu perguntei o porquê de tanta violência e ele me respondeu que era assim mesmo, que aquele não era o primeiro que ele tinha matado pois antes já matara mais dois e não estava arrependido. Logo ele foi solto e dentro de poucos dias mataram ele.

  
Mesmo eu sendo julgada por muitos por conta do que escrevo, agora me diga, Archimedes Marques: O destino dele não foi traçado por ele mesmo? Quantos outros meninos e meninas poderiam ter destino igual ou pior que esse menor e mesmo assim continuou no lado do bem? Muitos têm propostas para entrar no crime e não aceitam, mudam de amizades, mudam de escolas e seguem sempre no caminho do bem.

Respondeu o Dr. Archimedes Marques:

Também entendo que ele próprio procurou a sua morte, mas se tivesse progredido, com certeza se transformaria em um grande marginal de altíssima periculosidade, ou então se tivesse oportunidade, se transformaria em pistoleiro.

Fonte: facebook
Página: Aderbal Nogueira

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Um comentário:

  1. Anônimo19:15:00

    Caro amigo Mendes; Pesquisador Aderbal Nogueira e Delegado/escritor Archimedes Marques, após essas hipóteses e casos relatados, registro um deles, ocorrido com um certo amigo nosso. Um Delegado de Polícia da nossa capital baiana - Samuel Nogueira Filho, que por algum tempo fora Diretor da Casa de Detenção, estando sozinho dirigindo seu carro para visitar os familiares aqui em Serrinha, passou pela desdita de haver furado a câmara de ar de um dos pneus em um trecho de estrada deserta. Naquele instante surgiu de uma vereda um indivíduo que se ofereceu para fazer a troca do pneu. Prontamente, é claro, que o Dr. Samuel aceitou de bom grado. Concluído o trabalho, Samuel perguntou quanto lhe devia. O moço respondeu: DOUTOR, O SENHOR NÃO SE LEMBRA, MAS FUI UM DOS PRESOS DA CASA DE DETENÇÃO QUANDO O SENHOR ERA UM ÓTIMO DIRETOR. NÃO IRIA, PORTANTO, COBRAR-LHE A MUDANÇA DE UM PNEU.
    Veja meu caro Dr. Archimedes, como é importante um bom tratamento, mesmo sendo a um preso. Se aquele meu amigo delegado não tratasse bem aos presos, não correria o risco de uma vingança?!
    Abraços,
    Antonio Oliveira - Serrinha

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