por Paulo César Gomes
Postado em 31 de março de 2013
Lampião foi
absolvido! Essa frase que é recheada de elementos que perturbam a cabeça de
curiosos e estimula o trabalho de pesquisa de estudiosos do cangaço no Brasil e
no mundo, foi dita em alto em bom tom no dia 13 de abril de 2002, no Sítio
Passagem das Pedras, a 46 Km da cidade de Serra Talhada – PE, ao lado da casa
onde Lampião nasceu. Nesta data ocorreu o julgamento (simulado) do Rei do
Cangaço, um evento que foi organizado pela Fundação Cultural Cabras de Lampião,
presidida pelo escritor pesquisador Anildomá Willans de Souza (Domar).
O julgamento
foi conduzido pelo juiz Assis Timóteo Rodrigues, que na época atuava pela
Comarca de São José de Belmonte; a defesa de Lampião foi feita pelo advogado
Franklin Machado e a acusação pelo historiador e ex-prefeito Luiz Lorena
(representando o Ministério Público). O conselho de sentença – que foi formado
após sorteio – era composto de intelectuais, historiadores e advogados de
vários estados do Nordeste. Virgolino Ferreira da Silva foi representado pelo
saudoso ator, poeta e coreografo Gilvan Santos.
O evento
atraiu pessoas de diversas regiões do Brasil, somando cerca de 400 pessoas,
inclusive estudantes de História e Turismo das universidades do Rio Grande do
Norte e Pernambuco. Durante duas horas e meia, essa plateia acompanhou
atentamente sob o sol da caatinga os ataques e defesas em torno da figura
lendária e controversa de Lampião, o maior dos cangaceiros.
Lampião foi
bandido sim! Praticou e o foi vítima de atrocidade, e isso ninguém será capaz
de mudar, mas não podemos negar que a sua história é repleta de simbolismo e
cultura, fatores que são não podem ser desprezados pela nossa população.
Eventos como o que narrei aqui, ajudam a promover o nome de Serra Talhada no
cenário regional, nacional e mundial, o que passar a ser uma forma legitima de
recuperar todo o prejuízo econômico provocado pelo cangaço.
“Absolvê-lo é
condenar a história da minha Serra Talhada”, apelou exaustivamente, o promotor
Luiz Lorena. Já a defesa recorreu a elementos históricos, como a impunidade dos
coronéis, os esbulhos de terra, a perseguição aos pobres, para apontar Lampião
“como um fruto do meio”. Em determinados momentos, dava-se a impressão que
Lampião estava em carne e osso no sítio, tal era o envolvimento da plateia, dos
advogados e do juiz Assis Timóteo.
Após ouvirem
as alegações da acusação e da defesa, cada jurado declarou o seu voto e, coube
ao ex- presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) – seção Serra Talhada
–, Jânio Carvalho, o voto que absolveu Lampião pelo placar de 4×3. Emocionada,
a neta de Lampião, Vera Ferreira, abraçou calorosamente o ator que representou
o seu avô. Após a leitura da sentença, o escritor Hilário Luceti (Crato – CE),
que fez parte do júri e pediu a condenação de Lampião, expressou o seu desejo
de recorrer da sentença.
Mas o juiz
Assis Timóteo esclareceu que por se tratar de um júri popular simulado, não
cabiam recursos e nem apelações uma vez que essas regras não foram
estabelecidas. Na verdade, Lampião já fora inocentado em outubro de 1997 pela
prescrição do último processo que tramitava contra ele. O juiz Clóvis Silva
Mendes, que na época ocupava a comarca de Serra Talhada e de Flores, inocentou
Lampião de uma ação datada de 1928. Nesse processo o cangaceiro era acusado de
matar três homens em 1925.
Independente
de todas as controversas, ou não, que rodeiam o universo no qual foi edificada
a figura de Lampião, uma coisa é certa, a história do cangaço e do povo
nordestino é encantadora, marcada por passagem de lutas e de pioneiros. Uma
expressão verdadeira da identidade cultural e social do povo brasileiro.
Lampião foi
bandido sim! Praticou e o foi vítima de atrocidade, e isso ninguém será capaz
de mudar, mas não podemos negar que a sua história é repleta de simbolismo e
cultura, fatores que são não podem ser desprezados pela nossa população.
Eventos como o que narrei aqui, ajudam a promover o nome de Serra Talhada no
cenário regional, nacional e mundial, o que passar a ser uma forma legitima de
recuperar todo o prejuízo econômico provocado pelo cangaço.
Independente
de todas as controversas, ou não, que rodeiam o universo no qual foi edificada
a figura de Lampião, uma coisa é certa, a história do cangaço e do povo
nordestino é encantadora, marcada por passagem de lutas e de pioneiros. Uma
expressão verdadeira da identidade cultural e social do povo brasileiro.
http://faroldenoticias.com.br/opiniao-o-cangaceiro-lampiao-no-banco-dos-reus-por-paulo-cesar-gomes/
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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