Por Rangel Alves da Costa
Minha avó Emeliana era irmã - por parte de pai e de mãe,
como se diz no sertão - de Manoel Marques da Silva, mais tarde apelidado como
Zabelê no bando de Lampião. Manoel Marques o Zabelê, era filho de Antônio
Marques da Silva e Maria Madalena de Santana, a Mãe Véia. Tio materno de meu
pai Alcino Alves Costa era, pois, meu tio-avô. Rapazote ainda, quase na idade
de menino, influenciado pelas andanças do bando do Capitão pela região de Poço
Redondo, no sertão sergipano, eis que um dia decidiu seguir no rastro dos
homens do sol, da lua e da catingueira. Abandonou a família para nunca mais
retornar ao lar, ainda que muito andasse em séquito pela região e redondezas.
Estava presente na Gruta do Angico quando Lampião, Maria Bonita e mais nove
cangaceiros foram chacinados pela volante alagoana comandada pelo tenente João
Bezerra, porém saiu ileso. Mas desse dia em diante ninguém mais teve notícia de seu paradeiro.
Com o nome de pássaro, pois Zabelê é nome de bicho que voa,
talvez tivesse voado para uma desconhecida distância. Durante muitos anos seus
familiares entrecortaram regiões do país no seu encalço, em busca de seu
paradeiro, mas sem jamais reencontrá-lo. Voou, Zabelê voou. Arribou para sempre
e nunca mais retornou. Hoje é pássaro somente na história e na recordação.
Deixou apenas um irmão e muitas irmãs, dentre as quais minhas tias Mariquinha,
Osana, Cordélia, Mãezinha, Conceição e Rosinha, todas já falecidas. Seus
parentes de hoje formam um Poço Redondo inteiro. Acima um retrato de algumas
de suas irmãs, pela ordem: Mãezinha, Mariquinha, Emeliana (minha avó) e
Cordélia.
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