por Virgulino Ferreira da Silva
- E quem é o sinhô?
- Eu sou da força de Nazaré, vim tratá de um assunto urgente, se os
revoltoso vorta aqui, Ze Fogueira ta frito".
A menina preocupada com a situação do seu padrinho foi avisá-lo no esconderijo
da presença da força de Nazaré. José Nogueira também acreditou na historia. Certo que os cabras de Nazaré eram amigos à toda hora, e estavam ali pra
protegê-lo, saiu do esconderijo.
José Nogueira entrou pela porta da cozinha, chegando na sala, quase desmaiou
quando viu Lampião e seus cabras.
Lampião disse:
- E agora, Zé Nogueira?
José Nogueira trêmulo responde:
- Agora mermo, só nossa sinhora.
A forma humilde que José Nogueira aceitou a situação, acalmou a fúria de Lampião.
Os dois passaram a conversar assuntos do passado, como velhos amigos. O aspecto físico de José Nogueira era de fazer dó, estava muito doente, asmático, mal respirava. Lampião concluiu que seu inimigo nem aguentaria uma surra.
Antonio Ferreira vendo a decisão do irmão tomou uma iniciativa assustadora, vindo por trás e atirar na cabeça de José Nogueira.
Lampião surpreendido com o gesto do irmão, disse:
- Pur que voçe fez isso antonho, cumo é que voçe mata um home que ja tava
morto?
Responde Antonio Ferreira:
- Matei, ta morto, to satisfeito, num viemo aqui pra isso, ou voçe ta isquicido do que fizero cum nosso pai?
Antonio Ferreira ao dizer isso tirava as alpercatas do agonizante José Nogueira e calçou-as, e disse:
- Ta vendo, novinha em foia, era um diperdiçio deixar ela nos pes de um que nunca mais vai caminhá".
Obs: o autor do texto, não citou a fonte (adendo, por voltaseca).
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