POR PROFESSORA PIEDADE FARIAS
"O
resgate dos memoráveis cabarés do Rói-couro em Pombal/PB faz de Jerdivan
Nóbrega um passeador pelos destinos das putas e dos ciclos de apogeu e
decadência dessas casas de recursos que encheram salas e quartos de sexo,
dança, jogo, bebida, e muita diversão, não só em Pombal mas na maioria das
cidades do Brasil inteiro, onde “os fracos e os mortos eram as mesmas
pessoas”... Com Jerdivan, conta esta história, os apitos do trem da Brasil
Oiticica, os estudantes sem um tostão no bolso, apostadores de carteados, o
sanfoneiro Jaime, entre tantos e tantas como “as pobres e desgraçadas almas
fugidas das secas ou das periferias e algumas outras desonradas pelos cassacos
da Camargo Correa”.
Hoje, enquanto filhos e netos dessas mulheres guerreiras e anônimas caminham pelas ruas que mudaram de nome e demoliram algumas de suas casas, com vergonha dos seus tempos de Rói-couro, Jerdivan o grita... Grita os seus nomes, mostra o encardido das cortinas de seus quartos, o rangido dos trincos das portas e das alças dos caixões descidos na calçada da Igreja do Rosário, antes de descer aos sete palmos de terra. Jerdivan grita alto, grita para que não esqueçam, e grita tão alto quanto o grito do apito do trem puxando os seus vagões nos trilhos de sua memória."
(PROFESSORA PIEDADE FARIAS Restauradora do IPHAN)
Enviado pelo professor José Romero de Araújo Cardoso
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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