Por Antonio Corrê Sobrinho
Não li, não o
possuo, sequer consegui a capa na internet, do livro “LAMPIÃO, O ÚLTIMO
CANGACEIRO”, abaixo resenhado pelo escritor Zozimo Lima, publicado em 1966, do
ex-policial e vereador em Aracaju, Joaquim Góes. Aguardo de parte de algum
amigo, a postagem da capa do livro, no campo dos comentários, para ilustrar a
matéria, a quem já agradeço.
Os comentários de Zozimo, como sempre, são ricos e prazerosos. Leiam.
“LAMPIÃO, O ÚLTIMO CANGACEIRO”
Vai, afinal,
sob os auspícios da Sociedade de Cultura Artística, sair o livro do escritor
inédito Joaquim Góes, sob o título de "Lampião, o último cangaceiro".
Andou Joaquim Góes a correr seca e meca à procura de quem lhe proporcionasse meios de publicar o seu interessante livro, sem encontrar quem lhe desse a mão.
Foi ao Governador, ao Prefeito, a editoras de Rio e São Paulo, inclusive ao escritor Paulo Dantas, seu conterrâneo de Simão Dias, mas todo esforço foi baldado.
Joaquim Góes, homem pobre, ex-investigador da polícia, ex-vereador da Capital, bastante inteligente e perspicaz, andou nos calcanhares de Lampião pelos sertões de Sergipe, Bahia e Alagoas, conversou com cangaceiros aposentados e suas ex-amantes. Agora, depois da inatividade, começou a escrever a vida do Rei do Cangaço.
Não é um trabalho de profundidade, um estudo sobre as influências mesologias, as taras antropológicas que influíram na formação e destino do homem injustiçado, perseguido. Não é um paradigma de Euclides da Cunha a escrever as majestosas páginas dos Sertões, enveredando pelo campo da ciência. A fidelidade e a segurança das narrativas suprem as deficiências culturais do escritor que vai aparecer em junho próximo.
O livro já está escrito. Corrigido, expungido das impurezas vernáculas. Riquíssimo de episódios ocorridos nas caatingas do Nordeste.
Depois de Ranulfo Prata, escritor e médico, moço falecido em Santos, que melhor esboçou os tipos hediondos do bando sinistro, contando as barbaridades, a carnagem dos sanguinários cangaceiros, aparece, agora, mais opulento de inéditos acontecimentos trágicos, o livro de Joaquim Góes com cerca de 300 páginas, as quais prenderão a atenção dos leitores de todos os quadrantes do Brasil.
Fosse Lampião, o último cangaceiro, editado no Rio ou São Paulo, com propaganda na imprensa e exposição nas mostras, seria considerado o best-seller de 1966. Alguns idiotas produtores de filmes apresentam Lampião como um sujeito gordo, de calça de tecido Nylon, camisa “volta ao mundo”, barbeado e lustroso à força de massagens com creme Simon, diferente do autêntico, de quem estive, na Capela, como refém, das 7 horas da noite de 25 de novembro de 1929 às 3 da madrugada.
Lampião era magro, escanifrado, canela seca, queixo fino, fronte larga, mestiço puxando a curiboca, cara amarrada, desconfiado, matreiro, ágil como o tigre.
Terá grande saída o livro de Joaquim Góes, se bem distribuído nas livrarias dos Estados. Com o resultado da venda, que será enorme, ficará o Joaquim Góes em condições financeiras de curar o gogo crônico e a disenteria recalcitrante nas estações termais de Arcachon e Biarritz.
"Gazeta
de Sergipe" – 22/05/66
https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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