Por Sálvio
Siqueira
Na época do
cangaço, todo cangaceiro tinha seu apelido, com raríssimas exceções, como
Mariano e Luiz Pedro, a maioria dos cabras tinham lá suas alcunhas. Mesmo
assim, "Maria Bonita" chamava Luiz Pedro de "Caititu".
Normalmente
seus apelidos eram-lhes dado a partir de um movimento ante um perigo, do seu
comportamento diante de um combate ou mesmo diante dos companheiros. Na prova
de fogo do cangaceiro Cristino Gomes da Silva Cleto, já fazendo parte do bando
de Lampião, sob as ordens do cangaceiro Jararaca, esse o alcunhou de Corisco.
São muitos os
apelidos, mesmo vários deles tendo sido repetidos em pessoas distintas, uma
tática aplicada para que quando aquele nome fosse proferido em algum povoado,
vila, cidade ou mesmo num terreiro de fazenda, dar a impressão para quem o
escutasse que o mesmo não havia sido morto.
A imprensa da
Capital do País, já por volta de 1937, para dar maior sensacionalismo as sua
matérias, depois de uma reunião, tida como um complô até, entre todos os
jornalistas ficou determinado que a partir daí as matérias publicadas
relacionadas ao cangaço onde citassem a companheira do “Rei do Cangaço”, Maria
Gomes de Oliveira, a Maria de Déa, que entre os componentes dos bandos de
bandoleiros era conhecida por ‘Maria de Lampião’ ou ‘Maria do Capitão’,
passaria a ser codinominada de “Maria Bonita”.
Essa ideia
surgiu quando os jornalistas basearam-se num livro de um romance de autoria de
Júlio Afrânio Peixoto: “Maria Bonita”, com publicação 23 anos antes, portanto
em 1914.
Diferentemente
do nome dos famosos bandoleiros como Sinhô Pereira, Antônio Silvino e do
próprio Lampião, entre outros, que partiram das brenhas da Mata Branca, sertão
nordestino onde exerceram seus cangaços, para as grandes cidades e capitais dos
Estados do País, até mesmo para o exterior, o de “Maria Bonita” fez o caminho
inverso. “Nascido”, criado, no Rio de Janeiro, pela primeira vez é lançado ao
mundo no ano de 1937, seguindo nas páginas dos vespertinos periódicos termina
por vir até o sertão.
“Uma das
personagens históricas mais famosas do Brasil, Maria Bonita, é o tema de uma
palestra hoje, às 19h, no Museu do Estado de Pernambuco (Mepe). Na ocasião, o
historiador e membro da Academia Pernambucana de Letras, Frederico Pernambucano
de Mello, vai expor a origem do famoso apelido da cangaceira.
"Ao contrário do que aconteceu com Lampião, a alcunha Maria Bonita não foi criada no interior do Sertão e depois se espalhou para o Brasil e para o mundo”, aponta o autor. Segundo lhe confidenciou o repórter Melchiades da Rocha, já no final da vida, o apelido de Maria Bonita surgiu no Rio de Janeiro, pela iniciativa de jornalistas. A inspiração? O nome de um romance de 1914, escrito pelo baiano Júlio Afrânio Peixoto.
Frederico
certificou-se da existência da obra, que fazia uma espécie de transposição do
mito de Helena de Troia para o interior do Nordeste. Segundo ele, “o apelido
Maria Bonita nasce da cultura urbana, erudita e consagrada das academias””.
(Jornal do Commércio – edição de 14/12/2011 com a manchete “A origem do apelido
de Maria Bonita”)
Portanto, como
Maria de Déa foi assassinada em julho de 1938, comprovadamente a alcunha,
apelido da “Rainha do Cangaço” não surgiu após sua morte e sim alguns meses
antes.
Referências
Jornal do Commercio – 14/12/2011
Blog Tok de http://xn--histria-o0a.com/
Pesquisador, escritor, professor e sociólogo Frederico Pernambucano de Melo
PS// O
REGISTRO FOTOGRÁFICO DE “MARIA BONITA E OS CÃES DE LAMPIÃO”, LIGEIRO E GUARANI,
DE AUTORIA DE BENJAMIN ABRAHÃO FOI COLORIZADA, DIGITALMENTE, PELO AMIGO,
PRÍNCIPE DAS PENAS, Sergio
Roberto.
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