Seguidores

domingo, 23 de setembro de 2018

QUANDO E COMO SURGIU O APELIDO DE “MARIA BONITA”



Na época do cangaço, todo cangaceiro tinha seu apelido, com raríssimas exceções, como Mariano e Luiz Pedro, a maioria dos cabras tinham lá suas alcunhas. Mesmo assim, "Maria Bonita" chamava Luiz Pedro de "Caititu".

Normalmente seus apelidos eram-lhes dado a partir de um movimento ante um perigo, do seu comportamento diante de um combate ou mesmo diante dos companheiros. Na prova de fogo do cangaceiro Cristino Gomes da Silva Cleto, já fazendo parte do bando de Lampião, sob as ordens do cangaceiro Jararaca, esse o alcunhou de Corisco.

São muitos os apelidos, mesmo vários deles tendo sido repetidos em pessoas distintas, uma tática aplicada para que quando aquele nome fosse proferido em algum povoado, vila, cidade ou mesmo num terreiro de fazenda, dar a impressão para quem o escutasse que o mesmo não havia sido morto.

A imprensa da Capital do País, já por volta de 1937, para dar maior sensacionalismo as sua matérias, depois de uma reunião, tida como um complô até, entre todos os jornalistas ficou determinado que a partir daí as matérias publicadas relacionadas ao cangaço onde citassem a companheira do “Rei do Cangaço”, Maria Gomes de Oliveira, a Maria de Déa, que entre os componentes dos bandos de bandoleiros era conhecida por ‘Maria de Lampião’ ou ‘Maria do Capitão’, passaria a ser codinominada de “Maria Bonita”.


Essa ideia surgiu quando os jornalistas basearam-se num livro de um romance de autoria de Júlio Afrânio Peixoto: “Maria Bonita”, com publicação 23 anos antes, portanto em 1914.

Diferentemente do nome dos famosos bandoleiros como Sinhô Pereira, Antônio Silvino e do próprio Lampião, entre outros, que partiram das brenhas da Mata Branca, sertão nordestino onde exerceram seus cangaços, para as grandes cidades e capitais dos Estados do País, até mesmo para o exterior, o de “Maria Bonita” fez o caminho inverso. “Nascido”, criado, no Rio de Janeiro, pela primeira vez é lançado ao mundo no ano de 1937, seguindo nas páginas dos vespertinos periódicos termina por vir até o sertão.

“Uma das personagens históricas mais famosas do Brasil, Maria Bonita, é o tema de uma palestra hoje, às 19h, no Museu do Estado de Pernambuco (Mepe). Na ocasião, o historiador e membro da Academia Pernambucana de Letras, Frederico Pernambucano de Mello, vai expor a origem do famoso apelido da cangaceira.

"Ao contrário do que aconteceu com Lampião, a alcunha Maria Bonita não foi criada no interior do Sertão e depois se espalhou para o Brasil e para o mundo”, aponta o autor. Segundo lhe confidenciou o repórter Melchiades da Rocha, já no final da vida, o apelido de Maria Bonita surgiu no Rio de Janeiro, pela iniciativa de jornalistas. A inspiração? O nome de um romance de 1914, escrito pelo baiano Júlio Afrânio Peixoto.
Frederico certificou-se da existência da obra, que fazia uma espécie de transposição do mito de Helena de Troia para o interior do Nordeste. Segundo ele, “o apelido Maria Bonita nasce da cultura urbana, erudita e consagrada das academias””. (Jornal do Commércio – edição de 14/12/2011 com a manchete “A origem do apelido de Maria Bonita”)

Portanto, como Maria de Déa foi assassinada em julho de 1938, comprovadamente a alcunha, apelido da “Rainha do Cangaço” não surgiu após sua morte e sim alguns meses antes.

Referências

Jornal do Commercio – 14/12/2011
Blog Tok de http://xn--histria-o0a.com/
Pesquisador, escritor, professor e sociólogo Frederico Pernambucano de Melo
PS// O REGISTRO FOTOGRÁFICO DE “MARIA BONITA E OS CÃES DE LAMPIÃO”, LIGEIRO E GUARANI, DE AUTORIA DE BENJAMIN ABRAHÃO FOI COLORIZADA, DIGITALMENTE, PELO AMIGO, PRÍNCIPE DAS PENAS, Sergio Roberto.

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1210256725781544&set=gm.921483328060612&type=3&theater&ifg=1

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário