LILIAN TAHAN - GABRIELLA FURQUIM
Chamado para
conter a violência e a ação de facções criminosas no Ceará, o novo
Secretário de Administração Penitenciária do estado, Luis Mauro Albuquerque, é
agente da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) há mais de 20 anos.
O brasiliense,
de 50 anos, ficou nacionalmente conhecido por sua atuação na retomada do
controle da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte, após
dezenas de mortes, em 2016.
O anúncio, nos
primeiros dias do ano, de que Albuquerque iria comandar as unidades prisionais
cearenses causou reações violentas em todo a região. Ao tomar posse, no dia 1º
de janeiro, ele afirmou que os presídios não seriam mais divididos por facções
e a entrada de celulares seria fiscalizada com rigor.
Em resposta,
foram incendiados ônibus, prédios públicos, agências bancárias e comércios em
mais de 100 ataques em 30 cidades.
Pichações
condicionaram o fim das atividades criminosas à exoneração do
brasiliense do governo do Ceará. “Não vamos parar até o secretário sair. Fora,
secretário Mauro Albuquerque”, dizia uma das mensagens.
Nessa
segunda-feira (7/1), mulheres de presidiários bloquearam, com cartazes
pedindo a demissão do policial, um trecho da BR-116 em frente ao maior complexo
penitenciário do Estado.
Confira:
Homens da
Força Nacional começaram a chegar ao Ceará na última sexta
(4), mas os ataques continuam. Na madrugada dessa segunda-feira (7),
bandidos incendiaram uma ambulância e metralharam a Câmara de Vereadores da
cidade de Icó, no interior.
No comando,
Albuquerque determinou um pente-fino em todas as unidades prisionais do Ceará.
O objetivo é retirar televisões, rádios e qualquer meio de comunicação que
possa facilitar a informação aos presos sobre as ações realizadas para cessar a
onda de crimes.
Já foram
apreendidos mais de 400 celulares nos presídios e 103 suspeitos de participação
nos ataques foram presos. Além disso, mais de 200 detentos foram autuados por
desacato, motim, dano ao patrimônio e incitação ao crime.
Perfil
Nascido em Sobradinho, Albuquerque é agente policial de custódia da PCDF há 22 anos. Entre 2000 e 2015, ele comandou a Diretoria Penitenciária de Operações Especiais (DPOE).
O agente
desenvolveu uma doutrina de intervenção em unidades prisionais e ministrou
cursos em diversos estados e até mesmo fora do país.
À frente da
Força-Tarefa de Intervenção Prisional (FTIP), do Ministério da Justiça, o
brasiliense liderou as ações no presídio de Alcaçuz, na cidade de Nísia
Floresta, no Rio Grande do Norte. Uma rebelião no local, no início de 2017,
deixou 26 mortos.
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ASSUNTO
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