Jardim Ceará:
História,traço e cor
O cangaceiro
Ferrugem (1912)
Jardim também
produziu cangaceiros. "Ferrugem, de nome Deco Batista não fazia parte do
grupo de Lampião. Era daqui mesmo do Jardim. Sua entrada no cangaço deu-se pelo
ano de 1912. Tinha a fama de ser um sujeito encrenqueiro, sempre entrava em
brigas, e certo dia se desentendeu com o ferreiro João Turbano, que era um
homem muito forte e valente. Na briga, Ferrugem foi vencido e se retirou de
Jardim para morar no Pajeú. Saiu daqui dizendo que vinha se vingar.
Para cumprir sua promessa de vingança, certo dia à noite ele voltou com outros cangaceiros, invadiu a casa de João Turbano e o matou. Na volta ele matou também seu próprio padrinho no Sítio Bom Sucesso, em seguida foi para a casa de Seu Pereira que morava no Sítio Algodão. Ali Ferrugem fez Seu Pereira de refém e exigiu dele quatrocentos mil réis. Seu Pereira mandou um portador aqui em Jardim para conseguir dinheiro, e tendo conseguido, se viu livre do cangaceiro.
Do Sítio Algodões Ferrugem voltou para o Pajeú. Mas no ano de 1915, o Governo
mandou uma força de quinhentos soldados para acabar com o Banditismo no
Nordeste, então foi escolhida uma equipe de doze soldados e um tenente para
perseguir e prender Ferrugem.
Após conseguir este feito, os soldados o trouxeram para Jardim com o fim de encaminhá-lo para a cidade de Juazeiro. No entanto quando chegou no Sítio Cumbe, próximo ao Sítio Braz, a polícia o matou."
Fonte: História de Jardim: suas contradições e seu folclore, p.60
Passagem de
Lampião por Jardim (1926)
"Foi no ano de 1926 que Lampião avisou ao Coronel Daudet, o prefeito de Jardim, que vinha lhe fazer uma visita. Ele aca-tou porque se não aceitasse, seria tomado como afronta e o bando armado poderia atacar a cidade à bala. Então quando Lampião chegou, se arranchou no Sítio Engenho D'água, na casa do Sr. Zuza Livino, onde existiam quatro pés de juá, que serviam para os viajantes se arrancharem quando vinham de outros lugares. (...) De vez enquanto um grupo de cangacei-ros vinha na rua marchando, mas ao chegar na cidade não molestava ninguém. (...) Quando chegava a hora de dormi-rem, Lampião fazia uma chamada para verificar se todos os cabras estavam acampados e, numa dessas, faltou um can-gaceiro.
Lampião
perguntou se alguém sabia o paradeiro do cangaceiro, e foi informado por um do
bando que um dos homens havia ficado na rua. Lampião mandou o dito cangaceiro
na cidade buscar o companheiro. (...) Encontrou-o bebendo nas bodegas, e ao
receber o recado, disse que não ia. O portador voltou e deu a resposta a
Lampião. (...) Lampião mandou selar um cavalo e seguiu para a rua, e quando o
encontrou, encarou o cangaceiro e disse: - me acompanhe seu cabra! (...) Pelas
ruas da cidade as pessoas puderam ver aquela cena horrível, na frente o
cangaceiro, e atrás o Capitão Virgulino açoitando o infeliz, e assim foi até
chegar lá no Sítio Engenho D'água. Mandou amarrar e de vez enquanto lhe dava
umas chicotadas. (...)
Nesta
oportunidade em que esteve em Jardim, Lampião foi para uma oficina de ferreiro
do Senhor Manoel Boris, onde mandou cortar um palmo do cano de um fuzil, pois
esta arma era muito grande, muito pesada e quando se cortava um pedaço do cano,
ficava mais fácil de manusear. Com esta mudança, o rifle passava a ser chamado
de mosquetão. Ao receber a arma do ferreiro, ele apontou o mosquetão para o
telhado da cadeia pública onde um bando de urubus descansava na cumeeira e,
apesar de ser uma distância até longe, disparou e um urubu morto rolou telhado
abaixo. (...) De Jardim Lampião seguiu para Juazeiro e voltou por aqui. Dizem
que foi nesse tempo que Lampião recebeu a patente de Capitão no Juazeiro"
(História de Jardim: suas contradições e seu folclore, p.56,57,58)
(O Padre Cícero e Floro Bartolomeu)
Sobre a passagem de Lampião por Juazeiro, o blog http:// cearaemfotos. blogspot. com.br, nos dá algumas informações: "Um dos fatos mais pitorescos da passagem da Coluna Prestes pelo Ceará deu-se com o inusitado convite feito por Floro Bartolomeu ao cangaceiro Lampião – para combater os rebeldes e defender a legalidade. Floro teria enviado um mensageiro portando uma carta para o “rei do cangaço” – carta referendada e assinada também por Padre Cícero – pedindo a presença do cangaceiro em Juazeiro. Lampião que, por ser devoto de Padre Cícero, evitava atacar o Ceará, ao receber o convite do padre apressou-se a atendê-lo, chegando a Juazeiro com cerca de 50 homens, no inicio de março de 1926, quando a Coluna já havia deixado o Estado. Lampião, após ser aconselhado por Padre Cícero a deixar aquela vida de bandidagem, comprometeu-se a combater a Coluna Prestes, recebendo armas, fardamentos e uma patente de capitão do Exército. O bando deixou Juazeiro satisfeito, sobretudo porque o documento que dava ao chefe a “patente” de capitão – o que correspondia ao perdão de seus crimes e a não ocorrência de mais perseguições por parte da polícia – havia sido assinado a pedido de Padre Cícero pela única autoridade federal em Juazeiro, um agrônomo do Ministério da Agricultura, Pedro Albuquerque Uchoa. Lampião, contudo, não foi combater a Coluna Prestes. O cangaceiro, talvez tenha ficado irritado ao descobrir que a “patente” não tinha valor legal, portanto não valia nada. Virgulino ainda tentou falar com Padre Cícero, mas este se recusou a recebê-lo novamente. Apesar do acontecido, Lampião nunca perdeu o respeito nem a admiração que tinha por Padre Cícero. (...)Em junho de 1927, Lampião voltou ao Ceará, após uma fracassada tentativa de saquear Mossoró, no Rio Grande do Norte.".
Morte de Pedro
Vieira por Lampião (1927)
"Pedro
Vieira estava nas Cacimbas (hoje Distrito de Horizonte) acompanhado de Vicente
Venâncio, pastoreando o gado (..) quando Lampião chegou com seu bando e deu
ordem de prisão aos dois. Em seguida exigiu que Vicente Venâncio viesse aqui em
Jardim e procurasse arrecadar a importância de quatro contos de réis, no
entanto, o portador que veio foi um senhor da cidade de Barbalha, que deu o
recado mas não voltou para o local onde Lampião se encontrava com os reféns.
Aconteceu porém, que Lampião precisou se ausentar daquele lugar e, num descuido
dos cangaceiros, Vicente Venâncio fugiu de lá (...) Pedro Vieira achou melhor
não seguir o companheiro porque acreditava que fugir poderia ser pior.
Lampião havia seguido para Empoeira dos Xavier, onde hoje fica o povoado de
Ourí, para resolver à bala uma divergência com os Xavier, e como havia
prometido (...) rumou para lá. Ocorreu que, naquele lugar os Xavier haviam se
preparado para resistir ao Rei do Cangaço, e quando este chegou com cerca de 60
homens, foi recebido à bala. Os Xavier só tinham 8 homens em combate, mas ao
ouvir o fogo, o pessoal que morava perto, se meteram na briga, e foram ajudar
os Xavier. Lampião (...) não contava com uma resistência tão heróica daquele
povo e se retirou para as Cacimbas. Ao retornar, Lampião com muita raiva,
procurou a Pedro Vieira pelo dinheiro. Pedro informou que estava esperando pelo
portador, e que Vicente Venâncio havia fugido. Lampião, então, mandou que ele o
acompanhasse e seguiram para o estado de Pernambuco, pois soubera que os Xavier
haviam colocado trinta homens bem armados à sua procura. Então, ao entrar no
estado de Pernambuco, Lampião mandou o cangaceiro José Balão matar Pedro
Vieira. Ali mesmo ele foi enterrado.(...)" (História de Jardim: suas
contradições e seu folclore, p. 58,59)
Referencias
bibliográficas
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CARVALHO, Jáder de. Antologia de João Brígido. Fortaleza: Editora Terra de Sol,
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https://www.facebook.com/groups/374700339699870/?multi_permalinks=574700599699842¬if_id=1551136153633846¬if_t=group_highlights
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