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sexta-feira, 8 de março de 2019

A CAMPANHA DE ANGICO


Por Geziel Moura

Quando lemos sobre o acontecimento de Angico e a morte de Lampião, Indubitavelmente somos levados a pensar, que todo o movimento começou com a conversa de Joca Bernardes e o Sargento Aniceto Rodrigues, em Piranhas. Portanto, como se o processo todo que culminou na morte do Capitão Lampião e mais 10 cangaceiros, ocorreu de forma inesperada, improvisada ou mesmo como resultado de sortilégio do destino, e até mesmo como espécie de ordem direta de Getúlio Vargas e seu Estado Novo, porém não foi bem assim.


Na medida em que, todo evento histórico precede outros episódios menores que o faz ascender, vamos pensar qual era o contexto antes do dia 28 de julho de 1938, á luz do escritor Frederico Pernambucano de Melo.


Com o advento do Estado Novo em novembro de 1937, Osman Loureiro de Farias foi nomeado interventor do Estado de Alagoas, embora já exercia o cargo de governador do Estado, antes mesmo do novo regime político. 


Logo, com o discurso do governo federal em exterminar com o cangaço do nordeste, e nada além disto, Osman Loureiro promoveu imediatamente o Major José Lucena de Albuquerque Maranhão a Tenente-Coronel no mesmo mês de novembro e ato continuo o Tenente.Coronel Theodureto Camargo do Nascimento a Coronel, provavelmente tenha sido este, um dos primeiros movimentos significativo, para a morte de Lampião em Angico. O Coronel Theodureto tornou-se o comandante-geral da polícia em Alagoas e o Tenente-Coronel Lucena iria comandar o recém criado II Batalhão da Polícia, sediado na cidade de Santana do Ipanema (AL), cujo objetivo era o combate ao cangaceirismo no sertão de Alagoas. 


Nesse sentido, Theudureto mandou convocar Lucena em Maceió, e o "enquadrou" afirmando que ele precisava identificar nomes dentro da corporação, que estaria "violando suas determinações", e que se fosse o caso, ele apelaria para medidas drásticas e até arbitrárias contra os militares traidores.


Por seu turno Zé Lucena, no inicio de fevereiro de 1938, nos fundos da igreja de Mata Grande (AL) se reuniu com seus comandados e da mesma forma que Theodureto, coloca para aprumar os oficiais que operam na região do sertão, dentre eles: Aspirante Francisco Ferreira de Mello (Pedra de Delmiro Gouveia), Tenente José Tenório Cavalcanti (Pão de Açúcar), Tenente João Bezerra da Silva (Piranhas) e o, então, Cabo Aniceto Rodrigues dos Santos (Mata Grande), o certo é que Zé Lucena não aliviou ninguém.


Assim, os primeiros resultados efetivos, após a reunião em Mata Grande, não demoraram a chegar, pois em 8 de fevereiro de 1938, o primeiro a tombar foi o cangaceiro Ricardo Pontaria na Fazenda Retiro em Água Branca (AL), pela volante de Aniceto Rodrigues dos Santos, ato este, que o eleva à patente de Sargento.


No dia 20 do mesmo mês, chega a vez dos cangaceiros Serra Branca, Eleonora e Ameaça, pela volante de João Bezerra, na Fazenda Patos, região de Mata Grande, a batata estava assando no sertão de Alagoas, todos os atores envolvidos no sistema do cangaço, estavam ressabiados: volantes, coiteiros e os próprios cangaceiros, foi neste contexto histórico que Lampião morreu, justamente pela polícia de Alagoas, não foi tão desproposital, como se pensava.

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