https://www.youtube.com/watch?v=QV-PqdnCufU
Publicado em 7
de jun de 2017
Autoria de
Apolônio Alves dos Santos, gravado no Rio de Janeiro, em junho de 1988. Faixa
03 (Lado B) do disco "Cangaço", volume N.º4 da série "A Arte da
Cantoria", produzida pelo Instituto Nacional do Folclore e lançado pela
Funarte entre 1984 e 1989.
"Além dos pioneiros Francisco das Chagas
Batista e Leandro Gomes de Barros, outros poetas continuaram e continuam dando
vida ao tema. Apolônio Alves dos Santos, residente no Rio de Janeiro, é um dos
poetas vivos que, atualmente, mais produzem folhetos sobre o assunto. A vida
criminosa de Lampião o rei do cangaço (Lado B, 3), de sua autoria, foi cantada
por Miguel Bezerra em junho de 1988 no Rio de Janeiro. Dada a extensão da
poesia, cuja versão impressa tem 16 páginas, fez-se necessária uma redução e
para isso tivemos a aquiescência do autor, que escolheu a parte final do
folheto e escreveu uma sextilha* introdutória especialmente para a
gravação." (Rosa Maria Barbosa Zamith e Elizabeth Travassos)
*Sextilha:
"As cantorias são sempre iniciadas e terminadas por sextilhas com versos
de sete sílabas na fórmula ABCBDB, isto é, rimando entre si os versos 2º, 4º e
6º, e com rima obrigatória da "deixa", que é uma reminiscência do
leixa-preen dos trovadores medievais. Na "deixa", o 2º cantador
inicia sua estrofe rimando o 1º verso com o último da estrofe do 1º
cantador." (Sebastião Nunes Batista "Regras de Cantoria")
Nessa
gravação há o desfecho da história; primeiramente com a prisão e morte de
Jararaca, após o ataque a Mossoró em 1927; e depois a morte de Lampião,
"nos braços de sua Maria Bonita", na Grota do Angico, em 1938.
Novamente há uma dualidade entre o bandido e o anti-herói, os dois cangaceiros
não morrem completamente, suas figuras míticas continuam presentes no
imaginário popular, algo explicado no texto:
"Em outro trabalho (Borges,
1987), propusemos dois modelos básicos de estruturação da narrativa dos
folhetos sobre anti-heróis como João Grilo e Cancão de Fogo. Os referidos
modelos, com algumas modificações, poderão servir como pontos de referência
para a elaboração dos esquemas narrativos básicos para a estórias do cangaço,
na literatura de cordel, aqui sinteticamente colocados:
Modelo A* ... Modelo B:
Relatos da permanência (não morte, metafórica) do herói mítico/ cangaceiro,
geralmente em termos de confronto com seus opositores, sendo alguns desses
personagens já consagrados no cordel...
A relação narrador/ narratário (com ou
sem discurso avaliativo e/ou reflexão metapoética), ocorre, frequentemente, nos
folhetos enquadrados nos dois modelos.
A relação amorosa entre um cangaceiro e
uma mulher cangaceira, cujo protótipo é o par Lampião/Maria Bonita, tem sido um
leitmotiv*, principalmente nos folhetos da era pós-cangaço. Sem fazermos
comentários mais detalhados, podemos dizer que esses dois arquimodelos refletem
a estruturação básica dos 260 folhetos examinados e encarados no seu conjunto,
relacionados de uma certa forma, com as duas fases citadas." (Francisca
Neuma Fechine Borges UFPB)
*O modelo A, que fala sobre as diferentes formas de
representação do cangaceiro está disponível na descrição do vídeo da faixa 01
(Lado B): https://www.youtube.com/watch?v=XGI5f....
*Leitmotiv: tema melódico ou harmônico destinado a caracterizar um personagem.
Álbum completo: https://www.youtube.com/playlist?list....
"A Arte da Cantoria"
"Através da série A Arte da Cantoria, o
Instituto Nacional do Folclore procura documentar e divulgar os gêneros,
estilos, temas e artistas da cantoria nordestina. Aos volumes anteriores -
Literatura de Cordel, As Regras de Cantoria e Ciclo do Padre Cícero - vem
somar-se agora este disco - Cangaço. O tema do cangaço tem sido destacado como
um dos mais frequentemente tratados por cantadores e poetas. Em algumas
classificações temáticas constitui um ciclo, dado o volume de poesias impressas
em folhetos que tratam da vida e das façanhas de Lampião, Antônio Silvino e,
secundariamente, de outros personagens. Também são numerosos os testemunhos do
fascínio que os cangaceiros exerceram, durante e após seu principal período de
atividade, sobre os cantadores-repentistas.
Este mesmo tema, que tem inspirado
uma vasta produção artística nos campos da literatura, música, artes plásticas
e cinema, é aqui abordado por poetas e cantadores contemporâneos que estão
entre os nomes mais expressivos das tradições da cantoria e da literatura de
cordel." (Amália Lucy Geisel, Diretora do INF)
Ficha Técnica: Gravações:
realizadas em Olinda e Recife em novembro de 1987; no Rio de Janeiro em maio e
junho de 1988. Pesquisa e edição: Rosa Maria Barbosa Zamith (Escola de Música
da UFRJ) e Elizabeth Travassos (Núcleo de Música do INF). Montagem: Antônio
Barbosa (Sonoviso). Capa: xilogravura de Erivaldo Ferreira da Silva. Encarte:
xilogravuras de Marcelo Soares Programação visual e arte final: Sonia Maria de
Moraes Pitombo. Produção: Instituto Nacional do Folclore.
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