Por Benedito
Vasconcelos Mendes - (Continuação)
Benedito Vasconcelos Mendes e sua esposa professor Susana Goretti
5. Seleiro
O seleiro era
o artesão que trabalhava com couro para a confecção de arreios, selas e seus acessórios
(gibão, carona, chicotes, esteiras de forrar sela, bruacas, peias, mochilas e
outros objetos de couro),
quase todos utilizados no trabalho do vaqueiro. Para se defender dos espinhos
das plantas da caatinga, o
vaqueiro nordestino usava uma vestimenta especial de couro, como se fosse uma armadura,
conhecida por véstia ou gibão. É o único vaqueiro, do Brasil e do mundo, que
teve a necessidade de
se proteger da vegetação garranchenta e espinhenta na lida com o gado. Uma das principais
características da cobertura vegetal do sertão do Nordeste é ser esgalhada e
ter muitos espinhos, daí
a necessidade do vaqueiro desta região ter uma indumentária própria (véstia de
couro).
As peças de
couro feitas pelos mestres seleiros do passado eram bonitas, bem acabadas e resistentes. A
sela de montaria e seus apetrechos (chicote, alforje, carona, bandoleira e
manta), às vezes, eram
feitos com muita arte, bem trabalhados, com belos bordados. Dizia-se que pela
riqueza de detalhes da
carona se sabia se o cavalheiro era rico ou não.
A véstia de
couro curtido de veado catingueiro, de couro de bode ou de vaqueta era formada pelo gibão
(casaco), peitoral (guarda-peito), perneiras com joelheiras de sola, luvas,
guarda-pés e chapéu de
couro. A véstia tinha a coloração amarronzada, de cor uniforme e fosca (sem
brilho).
Além desses
trabalhos, o mestre seleiro fazia e consertava peças de montaria e
confeccionava arreios para
animais de sela e de carga (cabeção, cabresto, cilha etc). Não raramente, o
próprio seleiro também
curtia o couro, usando a casca de angico como fonte de tanino.
Dependendo do trabalho a ser
executado, ele usava couro curtido com ou sem pelos.
6. Oleiros de
tijolo e telha de barro.
A olaria de
tijolo e telha de barro fabricava, artesanalmente, estes produtos, que eram conhecidos por
tijolos e telhas comuns. Localizavam-se nas margens dos rios e riachos intermitentes,
onde existiam barreiro, água e madeira para lenha, usada para a queima destes produtos
cerâmicos. Depois de aguado e amassado com os pés, o barro era colocado nas
formas de madeira, para
formar os tijolos e as telhas, que eram secos ao sol e depois queimados no
forno à lenha. Tijolos
crus, às vezes, eram utilizados nas construções, mas eram considerados de
péssima qualidade,
pois a queima petrifica o barro e dá-lhe alta resistência e durabilidade.
Quanto ao tamanho das
telhas e dos tijolos, este variava conforme o tipo da forma de madeira (grade),
mas a preferência
era por tamanho grande.
Para piso de
residências e de outras construções, usava-se um tipo especial de tijolo conhecido por
ladrilho, de formato quadrado, de superfície muito lisa, de cor avermelhada,
bem queimado e de
bom acabamento. Além do modelo quadrado, existiam outros formatos de tijolo
para piso: retangular,
triangular e sextavado. Para a construção das grandes lajotas quadradas (50 cm
x 50 cm), usadas
no piso dos fornos das casas de farinha, utilizava-se barro de boa qualidade e
bem cozido. As
telhas, as lajotas e os tijolos crus possuíam coloração esbranquiçada mas, após
serem queimados,
tomavam a coloração vermelha viva. O barro era molhado e pisoteado e, depois de
bem amassado,
colocava-se areia lavada para dar mais consistência, diminuir a liga e não
rachar. A argamassa de
barro usada para levantar paredes de tijolos comuns era de grande durabilidade.
O reboco das
paredes era feito de cal, batida no cacete e curtida. Misturava-se a cal com
areia lavada e batia-se a
mistura com um cacete de madeira pesada e resistente, de mais ou menos um metro
e meio de
comprimento e da espessura de uma garrafa de cerveja. Depois de batida, a
mistura de cal era deixada em
repouso por alguns dias para curtir.
Enviado pelo autor
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