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sexta-feira, 2 de agosto de 2019

LUIZ GONZAGA


Por Paulo Gondim

Há 30 anos, falecida Luiz Gonzaga o Rei do Baião, o maior representante da verdadeira música nordestina. Luiz Gonzaga filho de Januário e Santana, nascido em Exu, PE, em 12 de dezembro de 1912, logo cedo aprendeu a tocar acordeon, a “sanfona” como ele gostava de falar. 

Aprendeu com seu pai e começou a vida tocando em feiras e festas da região, até que entrou no Exército, onde ficou por nove anos, dando baixa em 1939, para dedicar-se somente à música, a grande arte que desenvolveu muito bem. 

Foi no Rio de Janeiro, que depois de tocar nos cabarés da Lapa e participar de programas de calouros, conseguiu ser contratado pela Rádio Nacional, que lhe abriu caminhos para tornar-se o grande artista que foi. Gravou sua primeira música, como cantor, em 1945 e emplacou de vez em 1947, depois que conheceu o advogado cearense, Humberto Teixeira, com a música ASA BRANCA, fruto da pareceria dos dois. 

Mas rola uma “conversa” que seu pai, JANUÁRIO já solva os acordes dessa música, em seu fole de 8 baixos. Dizem até que “surrupiaram” a música de Januário, mas foram perdoados, porque a música tornou-se uma das mais belas do mundo!!! Ela é simples e só precisa de uma oitava no acordeon ou teclado, ou seja, a sequência das notas musicais que vai da nota DÓ a SI e pronto, mostrando que a beleza das coisa está na simplicidade de quem sabe fazer. 

Humberto Teixeira apareceu na vida de Luiz Gonzaga, por interesses das gravadoras, que vendo o potencial dele como músico e dono de uma voz diferente e muito melodiosa, precisava de um bom letrista. Pronto: foi um casamento perfeito! Fizeram muitas músicas bonitas de sucesso. Depois, apareceu Zé Dantas, médico de Serra Talhada, PE, que fazia música até enquanto consultava um paciente. 

Zé Dantas completou a carreira de Luiz Gonzaga, com composições como XOTE DAS MENINAS e VEM, MORENA, além de muitas outras. Luiz Gonzaga rompeu o preconceito que a música nordestina sofria nos grandes centros, como Rio de Janeiro e São Paulo, com sua voz forte e seu jeito peculiar e nordestino de falar, que nuca deixou até o fim de sua vida. 

Não perdeu o sotaque. Ainda no Rio de janeiro, Luiz namorou uma cantora que fazia coro nas gravações, o Bak Vocal de hoje. O namoro começou, quando A moca já estava grávida e Luiz assumiu a paternidade, cujo filho foi batizado como Luiz Gonzaga Junior, conhecido por GONZAGUINHA, que se tornou um compositor e cantor de grande sucesso na MPB, também falecido muito moço, logo após a morte do pai. 

Luiz foi considerado o Rei do Baião, ritmo que soube muito bem difundir, num época em que só valiam as músicas estrangeiras, nos grandes centros como Rio e São Paulo. Naquela época, nem se falava no Nordeste. Luz Gonzaga sempre foi fiel à sua terra e à sua gente, cantando o lamento dos nordestinos, os horrores da seca e a beleza do Sertão. O Rei do Baião faleceu no dia 02 de agosto de 1989, deixando uma obra maravilhosa, além de ter representado o Nordeste de forma inquestionável. 

Durante toda sua vida artística, não se prostituiu com “porcarias” musicais, como acontece com muitos artistas de hoje, por imposição das gravadoras. Ainda bem que o Velho Lua teve essa coragem. Pelo fato de ter falecido em 1989, não correu o risco de gravar com esses cantores, ditos sertanejos, que certamente mancharia sua obra e sua carreira. Foi um artista de personalidade e merece o respeito de todos. 

Já pensou o grande Luiz Gonzaga gravando com Chitãozinho e Chororó? Ele não cometeria esse crime nunca... Zé ramalho caiu nessa armadilha, na música “Sinônimos” e quase acaba com a carreira. Luiz Gonzaga viveu e morreu defendendo sua cultura. Que sirva de exemplo.


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