Por Paulo Gondim
Há 30 anos,
falecida Luiz Gonzaga o Rei do Baião, o maior representante da verdadeira
música nordestina. Luiz Gonzaga filho de Januário e Santana, nascido em Exu,
PE, em 12 de dezembro de 1912, logo cedo aprendeu a tocar acordeon, a “sanfona”
como ele gostava de falar.
Aprendeu com seu pai e começou a vida tocando em
feiras e festas da região, até que entrou no Exército, onde ficou por nove
anos, dando baixa em 1939, para dedicar-se somente à música, a grande arte que
desenvolveu muito bem.
Foi no Rio de Janeiro, que depois de tocar nos cabarés
da Lapa e participar de programas de calouros, conseguiu ser contratado pela
Rádio Nacional, que lhe abriu caminhos para tornar-se o grande artista que foi.
Gravou sua primeira música, como cantor, em 1945 e emplacou de vez em 1947,
depois que conheceu o advogado cearense, Humberto Teixeira, com a música ASA
BRANCA, fruto da pareceria dos dois.
Mas rola uma “conversa” que seu pai,
JANUÁRIO já solva os acordes dessa música, em seu fole de 8 baixos. Dizem até
que “surrupiaram” a música de Januário, mas foram perdoados, porque a música
tornou-se uma das mais belas do mundo!!! Ela é simples e só precisa de uma
oitava no acordeon ou teclado, ou seja, a sequência das notas musicais que vai
da nota DÓ a SI e pronto, mostrando que a beleza das coisa está na simplicidade
de quem sabe fazer.
Humberto Teixeira apareceu na vida de Luiz Gonzaga, por
interesses das gravadoras, que vendo o potencial dele como músico e dono de uma
voz diferente e muito melodiosa, precisava de um bom letrista. Pronto: foi um
casamento perfeito! Fizeram muitas músicas bonitas de sucesso. Depois, apareceu
Zé Dantas, médico de Serra Talhada, PE, que fazia música até enquanto
consultava um paciente.
Zé Dantas completou a carreira de Luiz Gonzaga, com
composições como XOTE DAS MENINAS e VEM, MORENA, além de muitas outras. Luiz
Gonzaga rompeu o preconceito que a música nordestina sofria nos grandes
centros, como Rio de Janeiro e São Paulo, com sua voz forte e seu jeito
peculiar e nordestino de falar, que nuca deixou até o fim de sua vida.
Não
perdeu o sotaque. Ainda no Rio de janeiro, Luiz namorou uma cantora que fazia
coro nas gravações, o Bak Vocal de hoje. O namoro começou, quando A moca já
estava grávida e Luiz assumiu a paternidade, cujo filho foi batizado como Luiz
Gonzaga Junior, conhecido por GONZAGUINHA, que se tornou um compositor e cantor
de grande sucesso na MPB, também falecido muito moço, logo após a morte do pai.
Luiz foi considerado o Rei do Baião, ritmo que soube muito bem difundir, num
época em que só valiam as músicas estrangeiras, nos grandes centros como Rio e
São Paulo. Naquela época, nem se falava no Nordeste. Luz Gonzaga sempre foi
fiel à sua terra e à sua gente, cantando o lamento dos nordestinos, os horrores
da seca e a beleza do Sertão. O Rei do Baião faleceu no dia 02 de agosto de
1989, deixando uma obra maravilhosa, além de ter representado o Nordeste de
forma inquestionável.
Durante toda sua vida artística, não se prostituiu com
“porcarias” musicais, como acontece com muitos artistas de hoje, por imposição
das gravadoras. Ainda bem que o Velho Lua teve essa coragem. Pelo fato de ter
falecido em 1989, não correu o risco de gravar com esses cantores, ditos
sertanejos, que certamente mancharia sua obra e sua carreira. Foi um artista de
personalidade e merece o respeito de todos.
Já pensou o grande Luiz Gonzaga
gravando com Chitãozinho e Chororó? Ele não cometeria esse crime nunca... Zé
ramalho caiu nessa armadilha, na música “Sinônimos” e quase acaba com a
carreira. Luiz Gonzaga viveu e morreu defendendo sua cultura. Que sirva de
exemplo.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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