Manoel Belarmino
"Oi, diga
a papai José
Que estou chorando arrependido
Lá eu era Olímpio Grande
Aqui me chamam Velocípido".
(Autoria de: Zabelê, Correnteza e Beija Flor)
Um menino
apaixonado pelas coisas da roça e da caatinga, das vaquejadas e do cuidar das
miúnças. Assim foi Olímpio, um menino nascido em Monte Alegre, filho do
vaqueiro José Alves.
Era o tempo do
Cangaço. Mortes e perseguições assolavam o sertão inteiro. O medo tomava conta
das pessoas do sertão. Com isso os pais de Olímpio decidem mudar sua morada
para o então povoado de Monte Alegre. O menino não se acostuma com aquela vida
urbana. Sente saudades e retorna para a caatinga.
E ali, em
seguida, o rapazinho Olímpio, conhecido como Olímpio Grande, entra para o mundo
bandoleiro do cangaço. É logo batizado por Lampião com o nome de guerra de
Velocípido. O povoado de Monte Alegre viu ali o seu primeiro e único filho na
condição de cangaceiro.
Com o passar
de alguns dias, Velocípido sente o inferno que é a vida bandoleira. Não gosta
da vida cangaceira. A tristeza e o desespero toma conta dos dias e da vida do
menino Olímpio. Faz planos para desistir da vida cangaceira e fugir dali.
Sem pensar
muito, numa manhã de sábado, antes do nascer do Sol, Velocípido fugiu do coito
cangaceiro e foi para o povoado Monte Alegre. Logo procurou o senhor José
Rodrigues da Silva, conhecido como Zé da Silva, aquele mesmo senhor que se
tornou o prefeito quando Monte Alegre foi emancipado.
Zé da Silva
não sabia o que fazer para proteger o rapaz. Teria que esconder o ex-cangaceiro
das volantes e dos cangaceiros. Monte Alegre estava sob o comando policial do
cabo Nicolau, terrível perseguidor e matador de cangaceiros. Com a intenção de
proteger a vida do menino cangaceiro, Zé da Silva resolve levar o ex-cangaceiro
até a capital Aracaju para entregar às autoridades.
A viagem para
Aracaju foi marcada. Resolvem sair cedinho numa madrugada para Aracaju. Tudo
pronto para o cangaceiro Velocípido ser entregue às autoridades da Justiça na
capital. Mas o inesperado acontece. Antes de chegar em Nossa Senhora da Glória
uma volante cerca os viajantes. Era o sanguinário cabo Nicolau. Zé da Silva
tenta dialogar com o cabo, mas este estava irredutível.
Não teve
jeito. O cabo Nicolau ordena que o cangaceiro se ajoelhe e com três tiros e
duas punhaladas assassina o menino de Monte Alegre Olímpio Grande. Em seguida
corta a cabeça do ex-cangaceiro, levando-a para o quartel de Nossa Senhora da
Glória para exposição pública.
Assim foi a
curta vida do único cangaceiro de Monte Alegre de Sergipe.
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