Por Rangel Alves da Costa
Através de sua filha Alaíde, eis que me vem aos olhos esta formosura de retrato familiar de antigamente, num misto de fotografia e desenho, onde o pincel do artista dava o acabamento que desejasse. Na moldura, a família: mãe, pai e filhos. E o pai não é outro senão José Francisco do Nascimento, o Zé de Julião de Poço Redondo, o sergipano e sertanejo que nas hostes cangaceiras era alcunhado como Cajazeira.
Guerreiro, cangaceiro, construtor, político, quase chegando ao coronelato de patente de mando e poder. Mas além de contestador das opressões sertanejas, de cabra de Lampião (ao lado de sua esposa Enedina, morta em Angico em 38), de empreiteiro sulista, político e candidato a prefeito por duas vezes, e de influente nas porteiras coronelistas, Zé de Julião foi também um amante inveterado, um namorador impulsivo, um galanteador sem igual. Fora as inúmeras namoradas pelas portas e escondidos em noites de lua grande, o simpático e sempre charmoso ex-cangaceiro tinha companheira de porta aberta e cama forrada por todo lugar. Da povoação à beira do rio, da fazenda à ponta da serra, sempre havia uma pronta para o seu aconchego e o seu cafuné. Casou com duas (Enedina e depois com sua irmã Estela), mas conviveu e teve filhos com várias. E dentre estas a senhora que está a seu lado na fotografia: Julieta, mais conhecida como Dona Êta, moradora de Poço Redondo e ainda firme e saudosista que só. Os filhos do casal são Alaíde e José Gomes (Venúncio), ela morando na povoação de Santa Rosa do Ermírio e ele na sede municipal. Muito anos já passaram, é verdade, mas o retrato familiar continua como testemunho maior da grandeza histórica emoldurada na madeira do tempo.
https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/?multi_permalinks=1563714707170801¬if_id=1611313036473131¬if_t=feedback_reaction_generic&ref=notif
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário