Por Getúlio Moura
Dia 3 de janeiro de 1928, o mais velho dos irmãos Marcelinos, o João 22, entra morto na cidade de Barbalha, pendurado num pau, com seu cabelo arrastando no chão. Como heróis, os policiais acompanham o corpo, que depois seria enterrado como indigente numa cova qualquer. Algo raro para um cangaceiro, que normalmente tinha sua cabeça decepada e o corpo deixado aos urubus.
Três dias depois, ferido do combate, Raimundo Marcelino, o Lua Branca, caçula do bando, é capturado junto com mais quatro homens e levado à delegacia pública de Barbalha. No dia 6 de janeiro, os cinco rapazes seriam transferidos de trem para Fortaleza, para serem ouvidos e julgados pelos seus crimes. Mas o trajeto foi interrompido no Sítio Alto do Leitão, em Barbalha, onde foram obrigados a cavarem suas próprias covas, antes de serem assassinados pela Polícia.
O fuzilamento foi ordenado pelo Sargento Zé Antônio da Acauã, de Juazeiro do Norte. Morreram Pedro Miranda, Joaquim Gomes, João Gomes, Manoel Toalha e Lua Branca. "Ele era um bandido fardado, violento, que não respeitava limites da lei. Na época, o bando estava esfacelado. Muitos nem viviam no cangaço, eram amigos, meninos de recado", conta o médico Leandro Cardoso, pesquisador da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço.
Manoel Toalha, por exemplo, foi morto inocentemente. Na verdade, ele era garçom e, por ventura, estava com o grupo quando foi capturado. Ele foi um dos que tentou fugir, quando percebeu que seria assassinado e chegou a correr por 50m, antes de ser alvejado. Foram enterrados em cova rasa e esquecidos.
Só na década de 1960 a história do assassinato dos cangaceiros foi resgatada pelo médico Napoleão Tavares, que descobriu os túmulos enquanto ia, a cavalo, estudar no Crato. "Quando me formei em Medicina, em Recife, retornei e fui bater lá. Encontrei as cruzes dentro do mato, sem referência nenhuma".
CANGAÇO EM FOCO
Pesquisador: Getúlio Moura.
Fonte: Diário do Nordeste.
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