Por José Cícero
À beira do
imenso abismo uma vez o poeta decidiu ficar. Embevecido de muitas verdades
ficou horas a fio ali de modo impassível a contemplar os perigos da vida;
buscando encontrar uma nova maneira de se convencer a continuar. Pensou na vida
diante da morte e na sua capacidade de acreditar, ainda que o mundo o
contrariasse. Enfim, se despira de todo o tédio como do medo que até então o
habitara. Logo o seu espírito ficou leve e suave. Enquanto a sua alma se vestiu
de anil e de verdades.
Imaginou
coisas novas como razão absoluta para sonhar como dantes em sua infinita e
alada mocidade. Refletiu um pouco mais sobre à eternidade. Como ainda, sobre a
finitude ante o imponderável das coisas intangíveis com os seus desejos loucos
e impossíveis. Viu como quem olha para dentro de si mesmo todo o fenômeno
contido no encantamento e no momento formidável. Renasceu das próprias cinzas:
Hércules Quasimodo, Ícaro, Teseu, Sisifo e Prometeu...
Assim se
sentiu como que voasse entre anjos e entre pássaros pelos céus. Quando a partir
daquele ponto coberto de estranhamento imaginou puder recomeçar. Criou coragem.
Desejou pular por sua conta e risco o seu abismo pessoal; sem ao menos notar;
nem o perigo, nem o mistério. E assim, à margem do abissal perigo de si mesmo o
poeta, finalmente descobriu milhões de quimeras e outras possibilidades. Como
igualmente, que nenhum abismo existe de verdade, senão aquele que sempre
existiu e que fora construído aos poucos por ele e pela vida inteira dentro de
si.
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