Por Hélio Xaxá
Quando
eu bater as canelas
Como
faz todo ser vivente
Não
chorem por mal-defunto
Por
que irei-me sorridente...
Não
me velem com amargura
Nem
gastem tostões imbecilmente
Com
corôas, flores ou velas
Comprem
um litro de aguardente
Convidem
toda a freguesia
Façam
uma festa de carniceiro
Pra
que eu acorde do pesadelo
Num
inferno bem brasileiro.
Com
a perca da alma errante
Que
em cachaça se revolvia
Só
sentirei falta dos rolos
E
das farras em que eu vivia.
Terei
saudade também dos vultos
Que
vigiavam madrugadas frias
De
minha mãe toda descabelada
Preocupada
com minhas orgias
Dos
muitos e queridos amigos
Que
comigo embriagavam-se
E
pelos cabarés endoidecidos
No
colo das negas abrigavam-se.
Se
acaso ainda lamento
Ou
se me arrependo ainda
É
de não ter descabaçado
Aquela
virgem tão linda...
Só
dessa musa sonhadora
Aceito
um ramo de flores
Pra
que eu leve pra sempre
O
perfume de nossos amores.
Sempre
a verei bela e nua
Como
naquele sonho tão real
Aguardarei-a
no Sol ou na Lua
No
Céu num paraíso astral.
Joguem
numa fossa rasa
À
terra, minha carcaça embrutecida
Ponham
uma cruz e na pedra:
Foi
poeta, cachaceiro; doido da vida.
Damas
da noite, mulheres vadias
Que
meu corpo amavam tanto
Mijem
sobre a minha cova
Que
com o cheiro retorno e levanto...
Da
noitinha até a suave aurora
Na
noite enquanto a seresta entoa
Cachaceiros,
abram outra garrafa
Brindem-me
com uma cana boa!
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