Por Wanessa Campos
Maria Bonita
jamais poderia imaginar que os versos da música que a chamava para tomar café,
iriam ser tão reais. Ela acordou sim, mas não tomou o café, porque a polícia
chegou, pois já “estava de pé”. Assim cantava a música e assim aconteceu.
Foi numa
quinta-feira chuvosa, ao amanhecer de 1938, julho, dia 28. Lampião, Maria
Bonita e mais nove cangaceiros, ainda sonolentos foram “acordados” com a rajada
de metralhadora em cima deles. Assustados, alguns conseguiram escapar do
massacre correndo por trás da grota. Lampião e sua Maria foram os primeiros a
morrer, inclusive degolados. Maria, a bonita, foi degolada ainda viva. A
notícia se espalhou com rapidez, mesmo numa época de comunicação precária. A
partir daí, o casal ganhou notoriedade, versões sobre morte e vida, sobretudo
no Cordel. E nasceu o mito. E mito não morre.
E hoje, 85
anos depois (parece que foi ontem), a fama de Lampião permanece acesa. No
Nordeste, as lembranças pipocam em forma de teatro, palestras, missas,
documentários etc. E Maria Bonita faz parte desse contexto.
A grota de
Angico, fica em Sergipe nas proximidades do Rio São Francisco e era “porto”
seguro para o bando, mas a traição de um coiteiro deu um final trágico a essa
história. Insatisfeitos com as mortes, a volante se voltou para a caça ao
tesouro levando todas as joias e dinheiro guardados nos bornais. As orações de
proteção, entre elas, a da Pedra Cristalina que o casal levava junto foram
deixadas no chão sangrento junto com os corpos e os cachorros ensanguentados.
As cabeças foram cortadas e exibidas em público como troféus conquistados numa
olimpíada. Foi uma vitória do então governo Vargas que perseguia os
cangaceiros.
Os “troncos”
de Maria Bonita e Lampião ficaram lá amarrados um ao outro significando que o
amor deles era eterno. E foi. Os versos do poeta Marcos Accioly retratam bem: “Não
sei se é lenda ou verdade\Seu moço, falo por mim\ A lenda sempre começa\Quando
uma história tem fim…
RIO
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