Por José Mendes Pereira Potiguar - Mossoró-RN.
Tive a oportunidade de saber como aconteceu a morte do cangaceiro Sabino Gomes, no Ceará, no ano de 1929, lá na Fazenda de seu Antônio da Piçarra, um dos coiteiros de Lampião, contada a minha pessoa pelo pesquisador do cangaço Francisco das Chagas do Nascimento sócio da SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do cangaço de Mossoró.
Contou-me que no momento do ataque dos policiais ao bando de Lampião, lá na fazenda de seu Antônio da Piçarra, Sabino levou a pior, pois foi atingido, sofrendo um enorme tiro no estômago, deixando-o sem condições de caminhar com os demais cangaceiros.
Sabino sabendo que não teria a menor chance de sobreviver, pediu a Lampião que o matasse ali mesmo, na Fazenda Piçarra do seu Antônio, pois não estava mais aguentando as dores que ora o incomodavam.
Seu Antônio da Piçarra
- Capitão, eu não consigo mais suportar tamanhas dores... Por favor, me mate!
Lampião não aceitou a sua solicitação dizendo:
- Eu num tenho coragi de matá um cumpanheiro meu e nem tão pouco ordeno aus meus cabras qui o mate.
Mas Lampião viu que a situação de Sabino Gomes era irreversível, e afastando-se um pouco do local, chamou um dos cabras e lhe disse:
- Tire as bala do revóve e intregue a eli, para a genti vê a sua atitude. Maiz veja si num ficou alguma.
- Sim sinhô, capitão. – Confirmou o cabra.
Assim que o cabra desarmou a arma, engatilhou-a e entregou-a a Sabino Gomes. Não demorou. Ele a levou ao ouvido e apertou o gatilho. Mas como a arma estava descarregada, não aconteceu nada.
Lampião vendo que ele queria mesmo morrer, perguntou aos cabras:
-Quem di vocês teim coragi de sacrificá-lo?
-Eu não tenho. – disse um dos cabras.
- Eu muito pior tenho corage pra assassiná um amigo meu...
Nesse ínterim, Mergulhão disse:
- É meu amigo, mas ele não tem mais como viver... E voltando-se para Sabino perguntou-lhe: Você está ciente do que está nos pedindo?
- Mais do que ciente... Eu não consigo mais viver.
Ajeitaram um lugar seco e bem limpinho, levaram-no para lá e cobriram-lhe os seus olhos, evitando que visse o extermínio de sua própria vida.
Mergulhão deu o tiro de misericórdia na cabeça. E o Sabino Gomes foi embora para eternidade.
Em seguida, Lampião recolheu-se a um canto do coito, penalizado com o fim do
amigo de tantos anos. Chorou sem presenciar o enterro do seu grande amigo.
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