Por: José Mendes Pereira
O que pensa um homem quando resolve entrar no mundo do crime, dos assaltos, das invasões às propriedades alheias, viver para sempre um fora-da-lei?
O que pensou Lampião quando resolveu ser um homem perseguido pela polícia e pelas autoridades do nordeste? Talvez, apenas o desejo de um simples jovem aventureiro, sem pensar nas consequências que com certeza o esperava.
Lampião assaltava no intuito de ser rico, poderoso, corajoso, e ser temido por muitos e por todos. Mas Lampião morreu com a sua riqueza em seu bornal, e jamais desfrutou um tiquinho dela, apenas a via, cobiçava aquele monte de ouro reluzindo em seus olhos tristes e castigados pelos seus maldosos feitos.
Lampião que era um grande estrategista não soube aproveitar a sua riqueza, do que já tinha adquirido, quando deveria ter caído fora e fugido muito antes para outra região que ninguém o conhecia.
Após vinte anos na vida de cangaceiro, Lampião entregou o ouro na bandeja e de mãos beijadas aos bandidos (no bom sentido), aos espertos, aos que nada fizeram para adquiri-lo, aos que o procuravam para tomarem o mais precioso de todas as lutas e intrigas com todos que o perseguiam.
Amigo Lampião, você perdeu a respeitada estratégia quando se esqueceu que era o rei do cangaço, naquela triste madrugada de 28 de julho de 1938, na Grota de Angico, no Estado de Sergipe.
Você se esqueceu que ninguém era mais poderoso do que você, e todos que o seguiam, sabiam que se caíssem em suas mãos, não teriam final feliz.
Só te seguiam na certeza que se você perdesse as suas maneiras de se defender, o ouro cairia nos seus bornais. O ouro era quem encorajava uma porção de policiais, que ao retirar teus pés do chão, alguns passos pisavam em teu rastro. Tantas brigas para adquir o ouro, findou nas mãos de quem não foi chamado de ladrão como você foi.
Mas é como diz o velho ditado: "A medida do ter (possuir) nunca enche" Por esta razão não pensasse antes em deixar uma vida sofrida e irritante nas caatingas.
Hoje és amado e odiado, mas lembre-se que você perdeu o seu reino por culpa sua. O crime não compensa.
José Mendes Pereira
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