Delmiro Augusto da Cruz Gouveia nasceu no dia 05 de junho de 1863, na fazenda Boa Vista (município de Ipu, na serra da Ibiapaba). Filho da paixão e do acaso, pois o coronel Delmiro de Farias (nome de uma rua que se inicia no bairro Jardim América e chega ao Rodolfo Teófilo), casado e pai de cinco filhos, raptou a jovem pernambucana Leonilda Flora da Cruz Gouveia. Apaixonou-se por ela quando viajou a Recife, a negócios.
Delmiro Gouveia perdeu o pai na Guerra do Paraguai, em 1867. Dele, herdou a personalidade forte, a coragem e os arroubos da juventude. “Em uma das festas que promoveu, ele se apaixonou por uma condessa italiana. Chegou a passar meses na Itália... Em Alagoas, mantinha duas residências: numa, ficava a irmã e os filhos. No chalé, fora do cercado (região onde estava a cidade), teve muitas mulheres e muitas amantes”, conta Edvaldo Nascimento, da Fundação Delmiro Gouveia (Alagoas).
Após a morte do pai, Delmiro e a mãe escaparam em Pernambuco. Migraram do interior para a capital até o rapaz se estabelecer no ramo de peles. Por essa época, 1883, casou-se com Anunciada Cândida de Melo Falcão (o casal se separou em 1901). O mascate era intermediário entre os produtores do sertão e os comerciantes estrangeiros de Recife. Em 1896, já era proprietário da Casa Delmiro Gouveia & Cia. A sociedade com a L.H. Rossbch, de Nova Iorque, rendeu-lhe o título de Rei das Peles.
O rei Lampião
Nesse período, Virgulino Ferreira (antes de se tornar o cangaceiro Lampião) foi almocreve de Delmiro. Ele carregava as mulas, pra lá e pra cá, fazendo o transporte das peles. Era o início do século XX, e Delmiro seguia a sina do pai: fugiu com a adolescente
Carmela Eulina do Amaral Gusmão para Vila da Pedra (Alagoas). Um povoado, como situa Edvaldo Nascimento, na margem do Rio São Francisco, a cem quilômetros de Canudos, a 60 de Angicos e a 150 da terra de Graciliano Ramos.
Em Pedra, Delmiro Gouveia continuou a lida com as peles até viajar à Europa e conhecer a revolução industrial. Do outro lado do mar, trouxe a idéia da hidrelétrica (1910).
"O Povo", 21/10/2007:
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