Os sonhos do
homem simples dos sertões, certamente não alcançam voos tão altos, mas planeiam
quase sempre no esplendor da vastidão das terras, na boa colheita, no criatório
de gado e na garantia de sua sobrevivência.
Como surgiu o
Cangaço em meio a sonhos tão singelos e humanos?
É ledo engano
argumentar que os cangaceiros eram deserdados da vida, os sem terra, o que
resultava àquela vida de crime e terror sertanejo.
Antes de tudo,
devemos ver o cangaço como um movimento estimulado e mantido por grupos de
latifundiários, com exceção é claro de muitos fazendeiros honrados, mas não
podemos camuflar o nefasto coronelismo e seu poder dominante.
O fenômeno do
cangaço foi um sintoma de ferida que corroía a sociedade. O sertanejo se viu
vítima do acúmulo de injustiças sofridas nas garras dos mais poderosos: O
estado de submissão em que viviam perseguições e as terríveis mágoas
pessoais. Num contexto onde prevalecia predominava ou defendiam um código de
honra particular.
Matar por
vingança significava ter poder ser corajoso. As circunstâncias sociais criavam
homens violentos. Daí poderíamos ver as possibilidades desta formação
de personalidades dos cangaceiros e criminosos como uma fusão da
sociedade sertaneja e seu biótipo Lampião foi o expoente máximo do
cangaço, não querendo dizer com isso que foi o seu criador.
O movimento já
existia muito antes; 0s grupos de Jesuíno Brilhante, Antônio Silvino, Adolfo
Meia Noite, Sinhô Pereira, mentor maior de Virgolino e outros. Vale salientar
que Virgolino Ferreira da Silva nunca foi um líder de rebeliões, movimentos de
sertanejos revoltados ou líder de guerrilhas políticas. O que podemos
conjeturar é que ele se tornou líder de seu próprio grupo e formou outras
lideranças com seus subgrupos.
O que ocorreu
com aquele homem até então um simples trabalhador, almocreve e cheio de
sonhos, para se tornar o Rei do Cangaço? Passando a se transformar num mito no
imaginário popular?
A personalidade
de Lampião estava povoada de paradoxos: Simples, explosiva, às
vezes amável, às vezes sonhador, isso se explica porque até o fim de sua
vida viveu com sua amada Maria Bonita, intrépido. Só um homem que
conseguiu sobreviver na perigosa liderança da resistência por tantos anos, como
ele, poderá atribuir a força deste sonho e projeto de vida. No seu
caso projeto de sobrevivência. Virgolino tornou-se fora da lei, não pode
voltar a vida pacata. Reconhecemos nele um homem valente. Em vez de fugir das
ofensas, desafetos e perseguições, assumiu seu "EU", deixou de
ser expectador passivo das próprias misérias e passou a resistir com unhas e
dentes com a força descomunal do seu lado explosivo de sua personalidade.
Assumiu a
liderança com extrema habilidade. Os conflitos inatingíveis assumia com
coragem, nos bastidores da sua mente, gerenciou o seu EU, e, passou a ser líder
de si mesmo, para ter suporte de liderança e encorajar seu grupo.
A nossa
inteligência se acha encarcerada quando aceitamos passivamente algo
negativo, que nos fere a alma.
Com Lampião não foi diferente: Segundo John Kenedy, "O
conformismo é o carcereiro da liberdade, o inimigo do crescimento".
Façamos uma
comparação levando em conta as causas que o levaram a torna-se fora da lei:
A perda da tranquilidade almejada por todo sertanejo, a paz da família em
perigo.
A perda dessa
tranquilidade roubou-lhe a alegria, mas produziu algumas JANELAS
KILLERS na sua memória: segundo Augusto Cury no seu livro Inteligência
Multifocal-Cultrix. SR, 1998.
"Janelas
Killers são zonas de conflito intensas cravadas no inconsciente que bloqueia o
prazer.
Conformismo
para ele era a morte. As desavenças com a família Pereira, o conflito com José
Saturnino, depois com os Nazarenos e com a polícia. Tudo isso contaminou o
delicado solo do seu inconsciente. A resposta ferrenha de sua mente foi a
luta, a força dos combates e as atrocidades de seus crimes
e o terror sertanejo. Para o homem agir com coerência, principalmente na
sociedade atual, precisamos controlar os traumas. "Só o conhecimento
sobre si mesmo e o amor pela espécie humana libertam o Homo Sapiens das suas
loucuras. "Augusto Cury, Sabemos que a violência dos cangaceiros e
volantes advinha do próprio meio social.
Entre as
várias explicações para esse fenômeno, tentei expor algumas, cabe aos nobres
colegas fazer suas próprias conclusões.
Vilma Maciel-14-10-2014
Fonte:
facebook
Página: Vilma Maciel
Maciel Lira
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Muito importante Mendes, o texto da senhora Vilma Maciel. Tudo indica que a mesma é discípula do renomado terapeuta Augusto Cury. Parabéns Dna. Vilma pelo seu comentário inteligente.
ResponderExcluirAntonio Oliveira - Serrinha