Por Antonio Corrêa Sobrinho
Se
considerarmos o sem número de bandoleiros que este sertão produziu, nas últimas
décadas do século XIX até os anos 40 do século passado, chegaremos forçosamente
à conclusão de que alguma coisa muito injusta aconteceu neste torrão
nordestino, para levar tantos seres humanos ao desatino de viver ao arrepio da
lei; o que nos leva a ter que admitir que essas pessoas, realmente, tiveram lá
as suas razões.
E é por isso que eu vou por aqui: responsabilizar perante as regras estabelecidas, sim, porquanto, vivemos num estado de direito; mas tenho perseguido o princípio cristão de que não devemos julgar.
Veio-me isso à mente, agora, quando colhia, de um exemplar do jornal paulista, “O Estado de São Paulo”, de 04.02.1907, uma nota de prisão, de um cangaceiro chamado João Martins de Oliveira, alcunha “Barra Nova”, o qual, ao ser interrogado, teceu comentários sobre outros cangaceiros, a exemplo do seu chefe, um tal de Cocada, que o jornal o tomou como célebre cangaceiro.
É isso.
Chegou ao
Recife, sendo apresentado ao doutor Santos Moreira, chefe de polícia, o temível
cangaceiro João Martins de Oliveira, vulgo “Barra Nova”, que no dia 9 de
janeiro se apresentou em Umbuzeiro ao coronel Pessoa, sendo preso.
"Barra Nova", tipo antipático, de altura regular, solteiro e contando 40 anos de idade, sendo interrogado, declarou que apenas quatro meses e 20 dias esteve em companhia do célebre cangaceiro Cocada, que o obrigou a fazer parte da sua quadrilha, à qual ficou pertencendo desde 9 de janeiro do ano passado a 29 de maio do mesmo ano.
"Barra Nova" disse ainda que não conhece Antônio Silvino, não tendo
na quadrilha de "Cocada" nenhum assassinato.
Esse cangaceiro, continuou "Barra Nova", cometia as suas façanhas para a arrecadação de dinheiro em sua companhia e na de "Nevoeiro", nunca tendo, entretanto, usado do rifle, ou melhor, morto a pessoa alguma.
Declarou ainda "Barra Nova", que se diz agricultor, ter entrado para a quadrilha de "Cocada" no lugar Pintada, na serra do Piraná, na Paraíba, e o deixado na serra de Godogongó, no mesmo Estado.
O aludido cangaceiro fez ainda outras declarações, tendo sido ontem mesmo recolhido à Casa de Detenção.
Fonte: facebook
Página: Antônio Corrêa
Sobrinho
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário