Há controvérsia quanto à cidade de origem, de Joana Tertulina de Jesus, mais conhecida por Beata Mocinha. Alguns dizem ter sido Quixadá outros Jaguaribe, ambos municípios do Ceará, no final do século XIX .
Após ter sido adotada por João Mota e sua esposa, conhecida por, Dona Professora (nome atribuído a ela por ter sido a primeira a montar uma escola, paga pelo governo, naquela região), foi conduzida a Juazeiro Norte, Ceará. Poucos anos após a adoção, Dona Professora teria sido transferida a Quixadá. Tendo em vista a fragilidade da saúde da jovem Joana Tertulina, que nos seus 11 anos vivia tossindo e sofrendo hemoptises, Dona Professora ressentia-se dos riscos que a viagem causaria a frágil saúde da jovem adotada. O casal submeteu o impasse ao parecer do Padre Cícero, que prontamente dirimiu a questão, sugerindo ao casal deixar a jovem sob seus cuidados.
A índole conciliadora, da jovem Joana e seus dotes administrativos, a conduziria, em futuro próximo ao gerenciamento da casa de padre Cícero. Segundo o pároco Azarias Sobreira, durante decênios seria como um "..anjo de boa inspiração..." para o padre Cícero, em horas das mais aflitivas de sua existência. Era ela que conseguia que o padre tomasse os medicamentos prescritos pelo médico, convencê-lo a fazer as parcas refeições de cada dia, nos momentos críticos de sua saúde, era ela também, que impedia que a multidão, chegada de terras distantes e desejos de um contato com o padre Cícero entrasse de roldão casa adentro - eram homens e mulheres de todo o Nordeste. Joana, com sua capacidade de coordenar, sua voz firme e poder de comando, foi providencial na organização da vida econômica e administrativa do lar de Padre Cícero, assim como exímia zeladora de sua saúde.
O codinome Beata tem a ver com a realidade da época e da região. Nesse período não existia Congregação Religiosa de mulheres, alguns padres, naquela região, conferiam mantos, véus e hábitos de monja a jovens que desejassem consagrar a Deus a sua virgindade. E a essas moças eram dadas a qualificação de Beatas, através de cerimônia pública e vestidura de hábito. A jovem Joana Tertulina de Jesus, ainda jovem, passou a fazer parte desse seleto grupo.
Fonte: Wikipédia
A governanta e tesoureira do Padre Cícero
Aos 62 anos, a solteirona Mocinha assumira o papel não só de governanta e tesoureira, mas também passara a responder pela administração dos bens do padre Cícero.
Era ela quem recebia as esmolas e doações deixadas pelos romeiros, mas também quem cuidava da compra, venda e arrendamento de imóveis.
Mocinha autorizava procurações, consentia permutas, abonava doações, decidia hipotecas.
Nos arquivos do cartório do Juazeiro do Norte ficaria documentada a vultosa movimentação financeira feita sob a rubrica da beata. As cifras alcançavam a vultosa a várias centenas de contos de réis.
Até a empresa encarregada de fornecer a energia elétrica para o município de Juazeiro do Norte, cujo capital somava a pequena fortuna de sessenta contos, estava no nome de Mocinha.Também eram oficialmente dela o matadouro e uma usina beneficiadora de algodão, além de casas, prédios e sítios espalhados no Cariri. Embora se soubesse que todas as propriedades, em última análise, fossem de Cícero, era a beata quem assinava os papéis e respondia legalmente por elas.
Nada na residência do padre Cícero se fazia sem o consentimento da velha, o que inclusive lhe rendera o epíteto de "Mandona". Sempre vestida com o hábito escuro, dona de personalidade forte, a onipresente Mocinha administrava com rédea curta a rotina da casa.
Fonte: "Padre Cícero: poder, fé e guerra no sertão", Lira Neto, São Paulo, Companhia das Letras, 2009.
http://www.onordeste.com/onordeste/enciclopediaNordeste/index.php?titulo=Beata+Mocinha<r=B&id_perso=5295
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