Por Francisco Antônio de Paiva
A história do
banditismo no sertão brasileiro sempre leva os amantes da história ao grupo de
cangaceiros mais famoso do Nordeste liderado por Virgulino Ferreira da Silva, o
Lampião. Mas a história revela outros personagens que podem trazer tantas
outras revelações de um fenômeno que deixou de existir oficialmente, o cangaço.
O
fenômeno do banditismo rural está ligado muitas vezes à rebeldia, esses
sujeitos chegam até a ser pensados como bandidos sócias, uma espécie de “Robin
Hood”, aquele que tira dos ricos e dá aos pobres.
É preciso separar o que é banditismo social do banditismo comum. O primeiro é
romantizado, transformados em heróis que lutam contra a opressão do estado e
dos senhores de terra. O segundo é o banditismo comum que roubam, matam e
estupram. O fenômeno do cangaço pode reunir essas duas vertentes que podem ser
analisadas por diversos estudos.
É nesse
contexto de banditismo rural que surge Jesuíno Alves de Melo Calado, o Jesuíno
Brilhante, ele nasceu em Patu, Rio Grande do Norte no ano de no ano de 1844 e,
devido a rixas com outra família protegida por grandes proprietários de terras
da região fez-se chefe de cangaceiros, o sítio tuiuiú foi seu reduto de onde
comandava suas ações.
As grandes ações de Jesuíno foram à resistência à prisão em Martins e o ataque
à cadeia de Pombal para libertar seu pai e seu irmão que ali se encontravam
presos. Sua área de atuação era o semiárido potiguar e paraibano, mas ele ficou
conhecido mesmo, segundo relatos, como o cangaceiro romântico. Um homem que
procurava combater as injustiças dos poderosos da região.
Para Eric Hobsbawm (2010, p.36) “Os bandidos sociais são camponeses que os
senhores de terras e o estado encaram como criminosos”, mas “continuam a fazer
parte da sociedade camponesa, que os considera heróis, campeões vingadores, os
que lutam por justiça, talvez até vistos como líderes da rebelião e, sempre
como homens a ser admirados”.
Jesuíno Brilhante morreu em 1879 em uma emboscada comandada por um inimigo seu
da família Limão em Belém do Brejo do Cruz, na Paraíba. As histórias sobre ele
o transformaram em herói, um camponês que foi perseguido por poderosos da
região, defensor dos humildes, mulheres defloradas e roubava dos ricos para dar
aos pobres.
O Jesuíno Brilhante romantizado pode ser o mais próximo de bandido social que
pode ter havido no sertão nordestino, mas é preciso fazer ressalvas. Um bandido
social pode ser um homem que luta contra as injustiças em seu espaço de
convivência e ser um bandido comum em outras áreas. Neste caso trabalhamos com
a imagem romantizada de Jesuíno, uma visão não problematizada e simplista já
que muitos bandidos precisavam de apoio de pessoas influentes para manter-se na
ativa.
http://www.jornalfolharegional.com.br/2016/05/24/jesuino-brilhante-romantizado/
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