Por Geziel
Moura
Virgolino
Ferreira da Silva, o Lampião, ao conceder entrevista ao médico, Otacílio
Macedo, por ocasião de sua visita a Juazeiro (CE), em 06 de março de 1926, para
compor o batalhão patriótico, comentou o seguinte:
"Tive um
combate com os revoltosos da coluna Prestes, entre São Miguel e Alto de Areias.
Informado de que eles passavam por ali, e sendo eu um legalista, fui atacá-los,
havendo forte tiroteio. Depois de grande luta, e estando com apenas dezoito
companheiros, vi-me forçado a recuar, deixando diversos inimigos feridos".
(Jornal Pequeno 29.03.1926)
É recorrente
em textos, sobre o cangaço lampiônico, que aquele cangaceiro, nunca combateu a
coluna Costa – Prestes, mesmo que algum grupo destacado, de tais revoltosos.
Entretanto, na falta de argumentações contrárias ao combate, farei movimento
diferente, na tentativa de produzir contraponto deste discurso oficial, isto é,
tentarei apontar possibilidades, da existência deste encontro, e buscando
isentar-me, não de parcialidade do pensamento, mas de qualquer “teoria da
conspiração”, que levaria a excentricidade do acontecimento histórico.
Ressalto, ainda, que este ensaio visa fazer pensar, não se constitui um
entendimento cristalizado, sobre o fato exposto.
Em sua obra, A
Coluna Prestes: Marchas e Combates, Lourenço Moreira Lima, que se destacou,
como secretário da coluna, afirmou que no amanhecer do dia 24 de fevereiro de
1926, próximo ao Riacho do Navio, em lugar denominado Rochedo, no estado de
Pernambuco, a retaguarda da coluna, foi atacada por tiros oriundos da caatinga.
Sobre este
episódio, Lima (1979) que participou ativamente, na crônica do movimento da
Coluna Costa – Prestes, diz:
"Saindo
da fazenda Buenos Aires, na manhã de 23, fomos sestear na fazenda Jatobá,
continuamos a marcha, chegando às 6 horas ao sítio Rochedo, junto ao rio Navio,
na estrada de autos de Vila Bela a Floresta. [...] Sabíamos que aquele lugar
era um dos pousos de Lampião". (LIMA, 1997, p.271).
Ainda, podemos
inferir que se tratava de cangaceiros, pela seguinte manifestação de Lima:
"Desconfiei
que ali se achavam por nos apodarem de “macacos”, alcunha que os cangaceiros do
nordeste dão aos soldados de polícia com os quais, provavelmente nos
confundiram". (Idem)
Logo, é
possível pensar, que o grupo de Lampião, não era desconhecido pela tropa de
revoltosos, nem tampouco, o lugar de sua operação, ou seja, a região do Pajeú.
Ainda sobre o
suposto ataque do grupo de Lampião, a coluna Costa – Prestes, Lima menciona:
"Cerca de
uma légua, adiante de Rochedo, a retaguarda foi atacada, partindo os tiros da
caatinga [...] Soubemos, mais tarde, que esse ataque fora feito pelo grupo de
Lampião". (Idem)
Segundo,
Frederico Pernambucano de Mello, na seção de notas e referências, de sua obra:
Benjamin Abrahão: Entre Anjos e Cangaceiros, e baseado em entrevista, concedida
por Luiz Carlos Prestes, em 1983, afirma que este declarou, que o fogo na
fazenda Cipó, nesta região de Rochedo, foi o único que ocorreu entre Lampião e
a Coluna, corroborando com o entendimento de Lourenço Moreira Lima.
As datas do
combate na fazenda Cipó e a entrevista com Otacílio Macedo, são compatíveis.
Assim, caso tal entrevero, tenha mesmo ocorrido, conforme relatou Prestes e
Moreira Lima, Lampião não mentiu em Juazeiro.
Existe, ainda,
hipótese, que o choque do grupo de Lampião, ocorreu, na região da Chapada
Diamantina, comandado pelo Coronel Horácio Mattos, o que carece, de mais
subsídios, para pensar, nesta direção.
Sobre o
suposto ataca, na região da Chapada Diamantina, por Lampião, vejam a revista
Memória da Bahia, publicada em 02.2004, que passo a compartilhar com os amigos.
PDF no arquivos.
Fonte:
facebok
Página:
Geziel
Moura
Grupo:
OFÍCIO DAS ESPINGARDAS
Link:
https://www.facebook.com/groups/545584095605711/631148307049289/?notif_t=group_activity¬if_id=1462787356960108
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