Por José Mendes Pereira
Lampião
No ano 1926, do século XX, a
presença indesejada do cangaceiro e futuro capitão Virgulino Ferreira da Silva
o Lampião, na cidade do Juazeiro do Norte, no Estado do Ceará, provocou
alvoroço. Uma multidão de pessoas se formou para ver o famoso cangaceiro e seu
bando. Lampião aceitou ser entrevistado, posou para as lentes fotográficas,
ofertou esmolas à igreja local, recebeu visitas e foi agraciado com presentes,
tudo isso sem ser incomodado pela polícia.
Quando ele saiu da cidade com o
seu bando, estava bastante orgulhoso, pois agora não seria mais um bandido, e
sim um capitão, uma autoridade que seria respeitado no nordeste brasileiro, um
homem que não iria mais viver se escondendo das autoridades policiais, porque o
documento que lhe dava a “patente” de capitão, e que esse correspondia ao
perdão de seus crimes e a não ocorrência de mais perseguições por parte da
polícia, havia sido assinado pela única autoridade federal em Juazeiro, um
agrônomo do Ministério da Agricultura, Pedro Albuquerque Uchôa, ordenado pelo religioso do Juazeiro do Norte, o afamado padre Cícero Romão Batista.
Pedro Albuquerque Uchôa
Mas estava totalmente enganado! Quem tinha força para segurá-lo como capitão seria o médico e famoso deputado federal Floro Bartolomeu da Costa. E é que 2 dias após Lampião ter recebido a patente de capitão, o deputado Floro Bartolomeu falecia no dia 28 de março de 1926 no Rio de Janeiro, vítima de angina (Angina define a dor no peito causada pelo enfraquecimento dos músculos do coração).
E quem não faria isso? Penalizar o agrônomo seria injustiça! Quem não tem medo de suçuarana humana?
Segundo o pesquisador do cangaço José João Souza informa que o livro "O canto do Acauã" da escritora e pesquisadora do cangaço Marilourdes Ferraz diz o seguinte:
Na volta de Juazeiro do Norte para Pernambuco, Lampião passa em Cabrobó e já nas proximidades da cidade de Belém do São Francisco, precavido, incumbiu um mensageiro de avisar as autoridades locais que Lampião, na "qualidade de Capitão" iria entrar na cidade.
Capitão João Nunes
Na ocasião, o Coronel João Nunes, que
organizava a defesa regional com o objetivo de repelir outra investida da
Coluna Prestes, estava em Belém e recebeu a comunicação, a qual respondeu
incisivamente: "Diga a Lampião que não o conheço como Capitão e que, se
vier, eu o recebo a bala." Diante da reação do Coronel, Lampião foi a
Salgueiro e dali para vila de São Francisco no município de Vila Bela.
Do livro: O canto do Acauã
De: Marilourdes Ferraz
De: Marilourdes Ferraz
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