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quarta-feira, 29 de junho de 2016

POMBAL EM SAUDADE

Por Jerdivan Nobrega de Araújo 

Falem-me de Pombal!
Digam-me das suas ruas antigas.
Da feira aos sábados com
Os cordelistas do Pavão Misterioso
E Lampião no inferno.

Falem-me do banho no rio,
Do violão de Bideca,
Da cachaça gostosa,
Do Futebol nos bancos de areia e
Da bolacha peteca na padaria
De seu Napoleão.

Digam que a rua é Estreita,
Porém, mais estreita é a saudade
Que aperta o coração.

Falem-me das sombras das ingazeiras e do Arrubacão.

Falem-me das suas ladeiras,
Dos seus loucos, filósofos de boas lições,
Dos sãos a procura do sossego
Nas sombras das algarobas.

Fale-me do Bar morcego...
Dos desocupados nas imediações do
Mercado Público.
- Ainda põem ali o cartaz do Cine Lux ?

Assistam aos jogos do São Cristóvão
Por mim.
Digam a Ciço de Bembém
Que aposto no Pombal Esporte Clube
Cada vintém.

Roubem goiabas e mangas 
Na roça de Bozó.

Deixe rolar os dados de Mané Paletó.
Acompanhem por mim a procissão
Que serpenteia pelo chão,
Nos dando a oportunidade de um perdão.

Os fiéis ainda se ajoelham aos pés
De Nossa Senhora do Rosário?

Beijem por mim
As contas do seu Rosário
E digam que é por estas contas
Que suporto o meu calvário.

Nelas eu conto e não perco a conta
Dos dias que faltam para a gente se encontrar.

Aplaudam a rainha da Irmandade...
Digam para sua majestade
Que o seu súdito não pôde vir,
Mas continua fiel,
Defendendo a sua coroa
E manto branco e azul cor do céu.

Untem minha cabeça
Na água Benta da pia batismal
Da Matriz.

Digam aos Pontões
Que eu aprendi aqueles passos,
Digam aos Congos
Que resistam por nós.
Digam ao Reisado que
Ofereço minha casa neste outubro.
Dêem a honra desse humilde súdito
Receber na sua cabana
Tão majestosa presença palaciana.

Vá ao cemitério e digam aos amigos
Que eu lembro sempre deles.
Colham por mim, estrelas na boca
Da noite.

Digam que é para amenizar
A minha solidão.

Mandem-me uns postais
Com vista parcial do "Avelozão"
Num dia decisão.

Quero assistir uma peleja
Da janela da Escola Normal,
Na arbitragem de Ribinha.
O povão na geral,
Os moleques nos galhos dos avelóz,
A disputa nas quatro linhas,
Os homens de chapéu,
As mulheres de sombrinhas
E o tempo passando por nós.

Falem-me do grupo João da Mata,
O Bloco de Sujos batendo lata
Pelas ruas de Pombal.
Digam que ainda escuto o apito
Do trem Asa Branca chegando
Naquela estação, com seus passageiros,
Apressados que não se reconhecem mais.
-Alguém fale-me de Pombal!

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso.

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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