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domingo, 3 de julho de 2016

MORTE DO TENENTE GEMINIANO - EMBOSCADA PERFEITA

Por Oleone Coelho Fontes

Estava aquartelada em Tucano força comandada pelos tenentes Abadias de Andrade e Geminiano José dos Santos (Foto abaixo).
  
Abadias conhecedor da zona, se ofereceu para partir em perseguição aos cangaceiros quando tomou conhecimento da ameaça à estância hidromineral de Cipó. Notando, todavia, que seu colega Geminiano mostrara interesse em sair no encalço dos bandidos. Abadias permaneceu na base para dar instrução a um grupo de contratados recém-ingressados nas forças.

Geminiano parte acompanhado pelo sargento José de Miranda Mattos à frente de 15 soldados. Ia travar sua última batalha. Em sítio denominado Brejo do Iracupá, a 18 km de tucano, recebeu informação de que o bando estava a poucos minutos de viagem. De Iracupá os soldados seguem para Poço Redondo, onde chegaram as 7 da noite. Aqui recebem informações de que os bandoleiros haviam tomado outro caminho. A polícia perde o rastro. Por volta das 2 da madrugada a força chega a localidade por nome Mosquito. Ao amanhecer ficaram os milicianos sabendo que os bandidos se achava na retaguarda. Na fazenda Mandacaru um vaqueiro (coiteiro) informa a Geminiano que Lampião não havia passado por ali.Mentia.

Geminiano não percebe e cai numa esparrela fatal.Felipe de Castro, ao contrário, diz que Lampião foi quem mandou o vaqueiro avisar a Geminiano de sua passagem pela fazenda Mandacaru. Sem desconfiar das informações fornecidas pelo guia, a volante cai numa cilada.
A força avança. Chega às 7 horas da manhã na Lagoa dos Negros.Lampião seguira montado cerca de 2 km (deixando propositalmente bem visíveis rastros de animais). Apeia de certa altura com um terço dos bandidos se entrincheira na borda do mato. Determina ao restante dos cabras que siga cerca de 500 metros e aguarde o resultado do fogo que fariam pela retaguarda.Ouvi-se um tiro. O bandido chamava atenção do comandante do troço de soldados. Em seguida afastando-se da estrada, o bando dividiu-se em duas alas, flanqueando a força. Esta, pegada de surpresa, mal teve tempo de manejar as armas para a luta.Lampião e seus sequazes, escondidos entre mandacarus, xique-xiques e macambiras, de cócoras, faziam fogo cerrado.Geminiano de corpo aberto em pé, atirava, seguido pelo sargento e pelos soldados.

Os primeiros a tombar são os soldados Manoel Araújo e Manoel Fernandes.Os bandidos levam vantagem desde o primeiro disparo, atiravam de todos os lados, pulando, rolando no chão, soltando urros, deixando escapar obscenidades, dando vivas ao padre Cícero e cantando Mulher Rendeira, com inacreditável destreza, como contou mais tarde na capital os que conseguiram escapar.Atingido por uma bala, tomba morto o tenente Geminiano. Outra bala fulmina o sargento substituto do oficial comandante, Miranda Mattos.

Morre também no combate: André A. Souza, Manoel Aragão, Argemiro F. dos Reis e Arnaldo Cláudio de Souza, entre outros.Os sobreviventes não mais que 5 praças, desarvorados, fogem.Na observação estudiosa do cangaço, a fuzilaria que envolveu a força foi a mais perfeita emboscada de que se teve notícia.Voltam pouco depois ao cenário onde se travou a batalha e defrontam como o espetáculo inacreditavelmente macabro: a cabeça do tenente, retirada do corpo não foi encontrada também nenhuma parte do corpo escapou de ser esfaqueada..

O sargento Miranda Mattos teve seus olhos arrancados a ponta de punhal, enquanto a gordura do ventre do oficial abatido, assim como as vísceras, serviam para engraxar o armamento dos cangaceiros.Não se pode imaginar ato mais brutal por parte de criatura humana!É de se crer que tais atrocidades - o esquartejamento dos corpos do tenente, soldados e sargento, deixando vísceras e membros espalhados nas caatingas - tenham sido represália à profanação do corpo do bandido Gavião, cuja cabeça fora decapitada há alguns meses passados daquele encontro.

Fonte: "Lampião na Bahia", Oleone Coelho Fontes.
Transcrição: Júlio César.

Fotos: "Lampião e as Cabeças Cortadas"
Antonio Amaury C. de Araújo e Luiz Ruben F. de A. Bonfim pág 87 e 88. 


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