Por José Romero de Araújo Cardoso
A importância
das parteiras tradicionais para a assistência de mulheres pobres é
indiscutível, sobretudo em regiões carentes espalhadas pelo mundo, as quais
imprescindem de auxílio em razão que ainda são precárias as condições de saúde
devido a ineficiência do Estado e privilégio das classes mais favorecidas com
relação a esse importante setor relacionado à qualidade de vida do gênero
humano.
Existiu em
Mossoró (RN) uma grande mulher, consciente do papel que deveria desempenhar
junto aos seus semelhantes, em vista que o trabalho desenvolvido durante
décadas foi responsável pela salvação de centenas de vidas devido à intervenção
da mais tradicional parteira que deu importante contribuição às famílias pobres
da Capital do Oeste Potiguar.
Seu nome era
Maria Correia, moradora da Rua Venceslau Braz, localizada no Bairro Paredões.
Em sua residência existiam leitos a fim de acomodar parturientes pobres que não
podiam pagar por serviços médicos.
A pobreza
mossoroense afluía em massa em busca dos seus cuidados, pois nunca se negou em
atender famílias carentes a qualquer hora do dia ou da noite, pois seu
compromisso sempre foi com a vida em sua dimensão maior. Maria Correia foi
exemplo de obstinação em servir ao próximo, sem buscar nenhuma recompensa para
sua luta hercúlea em prol da edificação do bem comum.
Amiga de
políticos importantes, sempre usou sua influência visando concretizar melhores
condições infraestruturais para a clientela carente que assistiu durante sua
digna trajetória no plano terrestre.
Nenhuma mulher
gestante pobre chegava à sua residência sem receber os cuidados necessários
embasados em seus conhecimentos práticos, os quais efetivava de forma brilhante
e precisa, pois a parteira Maria Correia tornou-se expert em diagnosticar e
tratar casos de gravidez de risco que exigiam certos cuidados especiais a fim
de garantir o bem estar da mãe e da criança que esta carregava no ventre.
As gestantes
que Dona Maria Correia assistia só saiam de sua residência quando se
encontravam em condições absolutamente exatas de ter uma vida normal. Dona
Maria Correia não media esforços para dar o melhor para suas pacientes.
A grande
parteira de Mossoró (RN) não tinha orgulho em sair à rua para pedir o que
necessitava para ser usado nas mulheres carentes que tratava, razão pela qual
se tornou bastante conhecida e bem-quista no meio político local.
Grandes
personalidades com atuação no cenário nacional vislumbraram com afeto o
trabalho realizado pela heroína mossoroense que empenhou sua vida em busca de
melhores condições de existências para seus semelhantes sofredores.
Aglomerados
humanos localizados na periferia de Mossoró (RN), marcados pelo sofrimento e
pela exclusão, foram sobremaneira beneficiados com o humanismo que alicerçava
as ações da mais devotada parteira tradicional da terra de Santa Luzia.
Bairros
mossoroenses inteiros, como Paredões, Barrocas, Bom Jardim e Santo Antônio, os
quais não contavam na época com a prestação de serviços médicos garantidos pelo
Estado, tiveram em Dona Maria Correia um porto seguro com o qual sempre puderam
contar nas horas de maior aflição, quando famílias se desesperavam em busca de
socorro que pudesse viabilizar o aumento da prole.
Dona Maria
Correia, com fidalguia e extrema abnegação, acolhia todas as mulheres pobres
que lhe procuravam, intuindo um bom parto, menos sofrimento nas horas difíceis
que assinalam a angústia de não ter com quem contar quando se trata de
assistência médica que possa salvar vidas.
Além de
parteira de raros dotes, possuindo extrema habilidade na divina arte de
viabilizar a vinda de uma nova vida a este planeta, Dona Maria Correia também
realizava com precisão intervenções pertinentes à enfermagem, como aplicar
injeções, fazer curativos e aliviar sofrimentos diversos que incomodavam e
ainda incomodam parcela significativa da população carente em todo mundo.
Centenas,
talvez milhares de famílias de baixa renda da Capital do Oeste potiguar devem
agradecer bastante ao Grande Arquiteto do Universo por ter enviado um anjo de
luz que ajudou bastante a aliviar infortúnios e sofrimentos, razão pela qual há
de ser enfatizada a oportuna homenagem feita a Dona Maria Correia quando esta
se tornou patrona do Hospital da Mulher inaugurada em Mossoró (RN), cujo
trabalho tem reeditado bastante as lutas heróicas da grande mulher que honrou o
solo no qual se desenrolam batalhas titânicas em prol da elevação do gênero
humano.
*José Romero
Araújo Cardoso. Geógrafo. Professor-adjunto do Departamento de Geografia do
Campus Central da UERN. Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente.
Enviado pelo o autor:
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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