Por Coletivo #EuSouUERN – Por uma universidade Viva. Resistimos! Texto e sugerido pelo Prof. José Ronaldo Silva – UERN/FANAT. FONTE: facebook.
Não, ela não é um templo de saber. Não é feita de luxo, de vidro ou granito. Ela é feita de gente. Gente que ama. Gente que sonha. Gente que atravessa madrugadas dentro de ônibus, assistindo ao sol cortando a paisagem, cruzando fronteiras municipais. Gente que vai de bicicleta, de carona, que economiza para pagar o lanche, que divide a apostila com o colega. Gente que se forma e volta a sua cidade de origem, e é recebido com um sorriso de alegria. E pode mudar a vida de mais gente, em progressão que só o sonho alcança.
Ela não é só
um lugar em que a gente pode estudar. Não é apenas um prédio, cheio de salas
enfileiradas. Não é apenas um lugar onde adquirimos saber – essa coisa tão
variada que existe no mundo, que está no homem de pé no chão, arando o campo e
no doutor da cidade, encerrado em seu terno.
Deixa eu te
contar de uma universidade, uma só. Ela fica no Oeste, naquela terra onde o sol
queima mais, o vento pesa menos, mas as pessoas sonham do tamanho do horizonte
que as abriga. Esta é uma universidade que se espalha pelo interior do estado,
como a flor rupestre, como os vestígios de caatinga, anunciando o verde, as
promessas de futuro. Com mais de 10.000 alunos, mais de mil professores, essa
universidade foi uma conquista para os filhos e filhas do semiárido, ela não
nasceu, não foi criada, foi conquistada, numa luta árdua dos filhos de sua
terra. Uma luta por educação, a mais digna de todas, um luxo que expande a
alma, mesmo quando não enche os bolsos de dinheiro. Um luxo porque faz crescer
o mundo que existe dentro da gente.
Esta
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte é grande porque é nossa. É feita
de gente do povo. Gente que gasta a sola do sapato. Que acorda cedo e dorme
tarde. O Campus Central em Mossoró espraiou-se, atingiu a serra, o sertão,
adentrou o mato. Chegou a cidades como Assu, Patu, Pau dos Ferros. Foi ao
Seridó, terra de Santana, erguer seus muros e levar ensino e formação a Caicó e
até mesmo na capital do estado. Embora a grande referência da UERN seja
Mossoró, seu Campus é do tamanho da interiorização.
Esta
Universidade tem cotas, sabe? Muito antes de elas se tornarem uma imposição
inclusive do ensino federal. Ela tem 50% (metade, isso mesmo) de cotas sociais,
e estas ainda contemplam cotas raciais. Ela tem um departamento de inclusão que
é referência no estado. Esta universidade feita de povo cresceu. Hoje ela tem
pesquisa, tem extensão. Tem Mestrado e Doutorado. Gente que vive em Mossoró
pode ser Mestre em Ciências Sociais e Aplicadas em Mossoró. Gente que vive em
Pau dos Ferros pode ser doutor ou doutora em Literatura. Gente que mora em
Caicó pode fazer mestrado em Filosofia. É gente, sabe? Alunos e professores,
ambos reconhecidamente importantes. É de gente que uma universidade é
feita.
Agora, eu ligo
a TV e vejo um senhor, de terno e cara amarrada. Vejo um senhor responsável
pelo Tribunal de Justiça do meu estado – e ouço falar que no golpe que
aplicaram em meu país, a mídia e o judiciário são os braços mais fortes. Pois
bem, vejo este homem, que é responsável por conseguir aumentos de salário para
o judiciário do meu estado, fazendo deste o mais rico do Nordeste, dizendo que
tem um plano: privatizar a minha universidade. Aquela, feita de luta. Aquela,
que tantos governantes já tentaram destruir, enfraquecer, negligenciar. Aquela
onde cabem os meus sonhos.
E disse que
aluno ia ter bolsa de 1.500 reais, que o estado ia melhorar sua vida
financeira, que o progresso, enfim, ia chegar. Ele pensa que a gente é bobo...
O homem de terno e gravata claramente não sabe que a UERN somos nós. Que é
feita de nossos sonhos e não vamos deixar que os cortem de nossa carne. O homem
de terno no noticiário, que promete o que não pode cumprir não conhece a nossa
história. Mas ele está muito enganado. Ele não sabe com quantos corações pulsa
uma universidade. Mas teremos o prazer de contar a ele cada uma dessas histórias
e fazê-lo entender que educação não é esmola, é direito, e a UERN não nos será
comprada, ou vendida. A UERN é nossa.
Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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