por nelsoncadena
Em 21 de
agosto de 1928 Lampião cruzou a fronteira do São Francisco e
adentrou na Bahia para homiziar-se durante algum tempo no sertão. Fugia da
implacável perseguição de policiais de vários Estados desde quando ousará
invadir Mossoró, em junho do ano anterior, então a maior cidade do Rio
Grande do Norte. Iniciativa esta atrevida e mal sucedida.
Lampião
aportou na Bahia com o propósito de dar um tempo, recompor forças, restaurar o
seu bando e planejar novas investidas longe das fronteiras pernambucanas que a
polícia desse Estado se apressou em controlar temendo o retorno do Capitão
Virgulino. Lampião chegou na Bahia faminto, cansado, porém com
muito dinheiro na mochila; assim declarou na época ao Coronel Petronilo de
Alcântara Reis, chefe político de Santo Antônio da Glória.
Entenderam-se
o bandido e o Coronel em torno de um acordo de proteção, cogitaram
negócios em comum, desentenderam-se mais tarde. Em represália o Rei do
Cangaço botou fogo nas propriedades do chefe político e
matou várias cabeças de gado. Este reagiu, segundo conta Oleone Coelho Fontes
no seu livro “Lampião na Bahia”, contratando mais de 50 jagunços em Pernambuco,
a maioria criminosos comuns, para defender seu patrimônio.
Os primeiros
dias de Lampião na Bahia sequer foram percebidos pelo governo e pela
imprensa. Contribuiu para isso a atitude pacífica do cangaceiro que
encarou essa etapa de sua vida como um momento para relaxar, mantendo-se
por um tempo longe das forças policiais determinadas a capturá-lo. Então,
descreve Oleone Coelho Fontes, assistiu festas de casamento, bebeu na companhia
de soldados, foi perdulário nos gastos, promoveu vaquejadas e rodeios com ele
mesmo como protagonista e ainda organizou animados arrasta-pés em
concorridas festas com a sua sanfona de 8 baixos marcando o tom.
Durou pouco esse estado de espírito do Rei do Cangaço. Meses depois, em dezembro de 1928,
reaparecia em público na Vila do Cumbe (hoje Euclides da Cunha) para extorquir
dinheiro dos fazendeiros da região e retomar a sua rotina de saques e
violência. Os primeiros dias de Lampião na Bahia poderiam ser interpretados, no
contexto aqui retratado, como um período de férias.
http://blogs.ibahia.com/a/blogs/memoriasdabahia/2013/02/25/os-primeiros-dias-de-lampiao-na-bahia/
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