Por Jerdivan
Nóbrega de Araújo
Vendedores
Ambulantes /Pombal década de 1960.
O Vendedor de
Quebra Queixo.
Outros
vendedores de quebra queixo tivemos, mas quero falar de um em particular. Ele
não tinha nome: era apenas "O homem do Quebra Queixo". Ou o velho do
"Beiço Lascado", por ser portador de lábio leporino ou fenda labial.
Esse tipo de vendedor foge as memórias dos contemporâneos que moravam nas ruas melhores situadas, face a ser um ambulante das periferias. Oferecia os seus produtos aos tão pobres quanto ele, razão pela qual fazia mais escombo do que venda: garrafa, alumínio e cobre eram as "moedas" correntes por onde ele passava.
Cruzava as ruas da cidade com uma tabuleta de quebra queixo na cabeça, e um saco de garrafas vazias nas costas, ao tempo que gritava:
- Ééééébra
eiiiiixoooooo.... óóóóca ô arrafa êa arrafa e lito. Az "meicado" de
um e "Ôz uzeiro" (troca por garrafa meia garrafa e litro. Faz mercado
de um e de dois Cruzeiros)
A molecada
corria atrás do vendedor de quebra queixo com suas garrafas nas mãos para
trocar por um "meicado" de doce.
O que irritava o "Vei do Beiço Lascado" era dizer que seu doce era feito com talo de pé de mamão, o que era uma verdade.
O vendedor de
quebra queixo fez parte da nossa infância, e entra no registro das minhas
memórias como mais um Homem Invisível das ruas de Pombal.
Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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