Clerisvaldo B. Chagas, 03 de agosto de 2017
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.707
Estão em nossa “Repensando a Geografia de Alagoas”, os principais problemas da cidade grande. E se fôssemos falar como os desbocados do nosso Sertão, “foi para lascar”, terça-feira última em Maceió. Capital com mais de um milhão de habitantes com a maioria dependendo de ônibus urbanos, não poderia ter sido diferente. Bastou um dia para gerar desesperos em todas as organizações sociais do povo maceioense. Sem dúvida alguma os maiores aperreios estavam nos necessitados de saúde e os empregados particulares que não conseguiam chegar ao local de trabalho. As vans e as motos aproveitaram-se da miséria alheia, os preços ganharam asas e se não alcançaram os céus, chegaram aos dois dedos lembrando safada anedota brasileira.
MACEIÓ SEM ÔNIBUS. Foto: (Clerisvaldo B. Chagas) |
O que normalmente custava três reais subiu a escada ligeiro como perna de ema para cinco, dez, vinte e até mesmo trinta reais para o trabalhador sacrificado, liso e refém da ambição humana. Onde só cabia quinze, houve milagre da física e da matemática que acolheram trinta. E quem ainda tinha o pudor de defender a traseira, nem sequer podia mover o “bumba” dentro das vans sardinhas e fedorentas. Idoso e deficiente ou chegaram a casa sem camisa ou desistiram no ponto dos espertos antes do embarque na aventura. Pela precisão, grande número de automóveis voltou às ruas, cujo trânsito não alisava ninguém na chuva, nos buracos e nas pragas. Qualquer radinho peba que falasse em greve de ônibus fazia grande sucesso onde diabo fosse ligado, mesmo aqueles chamados “consolos de cornos” da velha China.
No embate entre patrões e empregados foi preciso a Justiça intermediar acordos em posições endurecidas. Sabe-se que trabalhadores de empresas particulares em todos os setores se sentem como escravos diante dos salários pagos no estado. Inúmeros empregados falam mal dos próprios sindicatos acusando-os de conchavo. Mas os que trabalham em ônibus reclamam direto dos salários escravagistas.
Por sua vez empresário não coloca ônibus suficientes para a população e em lugar de três põe um só na rua. O coletivo demora a circular para juntar mais gente nos pontos e andar lotado. O que acontece que os prefeitos se curvam quanto ao ar condicionado nos coletivos para a altíssima temperatura de Maceió? O que está por trás disso? Os abrigos para os usuários são verdadeiras piadas de gosto azedo diante de um serviço de terceira categoria? E esse terceiro mundo vai se arrastando para gestor nenhum dá jeito, seja ele velho ou novo. Precisamos de mais cinquenta anos à frente para que os serviços viários coletivos se igualem aos do Canadá, por exemplo.
E sobre o que aconteceu na terça-feira, àquela velhinha da boca mole que havia escapado do caos dominante, falou querendo puxar conversa: “O senhor viu? Foi uma greve da gota serena!”.
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