Autores: Evaristo Geraldo e Godofrêdo Solon
Na
próxima quinta-feira dia 17/08/2017 é o inicio da II Feira do cordel
Brasileiro, na ocasião estarei lançando o cordel: O Menino Vaqueiro Que
Capturou o Tempo. Esse texto escrevi em parceiro com meu mano Godofredo Solon e
a capa desse folheto é uma xilogravura do xilógrafo Jefferson
Campos, venham conferir nossos trabalhos! segue algumas estrofes do cordel:
O MENINO VAQUEIRO QUE CAPTUROU O TEMPO
Autores: Evaristo Geraldo e Godofrêdo Solon
1
Quando nós somos criança,
Temos a mente mais pura,
O nosso anjo da guarda
Sempre a nossa mão segura,
Somos capazes de ver
Sua angelical figura.
2
Eu vou falar pra vocês
Dum menino muito arteiro
Que nasceu numa fazenda
Do Nordeste brasileiro.
Ali, o pai do garoto
Era o principal vaqueiro.
3
Esse menino imitava
Tudo que seu pai fazia:
Ele montava cavalos,
Gibão de couro vestia;
Aos poucos, se tornou bamba
Na arte da montaria.
4
Quando seu pai o levava
Pras festas de apartação,
Bastião, esse menino,
Vestia bota e gibão
E campeava com o pai
Montado em seu alazão.
5
Esse menino vaqueiro
Tinha somente dez anos.
Campear e estudar
Eram os principais planos,
Pois na vida ainda não tinha
Passado por desenganos.
6
Na Fazenda Caiçarinha,
Onde Tião foi criado,
Declaravam: – Esse jovem
Será vaqueiro afamado,
Pois já campeia o gado
No capoeiral fechado.
7
Um dia, foi o garoto
Passar férias na cidade,
Na casa do seu padrinho,
Que era avançado em idade,
Dono de um frigorífico
Único da localidade.
8
Bastião levou consigo
O seu laço e seu gibão,
Conduziu tudo arrumado
Dentro de seu matulão,
Porque ele tinha orgulho
Dessa sua vocação.
9
O menino pretendia
Mostrar para algum amigo
Que ele sabia montar,
E não temia perigo.
Por essa razão, levou
O laço e o gibão consigo.
10
Os meninos da cidade
Sentiam satisfação
Ao ver Tião a cavalo
Usando laço e gibão,
Laçando estaca e hidrômetro
Com a maior perfeição.
11
Mas eles, após um tempo,
Pararam de procurar
O pequenino vaqueiro
Pra vê-lo se apresentar.
Assim, Tião ficou triste
Por não ter com quem brincar.
12
O padrinho do Tião
Pediu para ele um dia
Ir deixar o seu cavalo
Num grande campo que havia
Afastado da cidade,
O qual ele possuía.
13
Bastião foi satisfeito
Montado nesse animal
Porque isso o fez lembrar
Da sua terra natal
E das vezes que ele foi
Pegar boi no matagal.
14
Quando Tião se afastou
Daquela área urbana,
Começou a laçar tocos
E moitas e de ritirana,
E dizia: – Eu sou vaqueiro
Que não erra e nem se engana.
15
Esse vaqueiro mirim
Era extraordinário.
Nesse campo, ele laçou
Até alvo imaginário,
Pois o sonho em nossa infância
É algo mui necessário.
16
O jovem jogava a ermo
Seu laço pra todo o lado.
Este acabou por ficar
Suspenso e friccionado,
Como se algo invisível
Ele estivesse laçado.
Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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