Por Junior
Almeida
O primeiro
encontro do ano de escritores, familiares de personagens envolvidos na saga
cangaceira, pesquisadores e acima de tudo dos amigos do Cariri Cangaço,
aconteceu em Fortaleza, capital do Ceará, de 26 a 29 de abril, destacando que
esse foi o evento pioneiro em uma capital.
A recompensa
para quem foi à Terra de Iracema começou antes do comandante da tropa, o
“general” Manoel Severo, dar a ordem para começar. Quem viajou por via
terrestre pode contemplar como o Sertão está lindo. Chovido, com tudo que é
açude cheio, verdinho, com o milho do São João garantido, uma beleza de se
contemplar. Está de limpar a vista. Particularmente destaco o mundão d’água das
terras potiguares e a vista excepcional da serra do Teixeira, na Paraíba, que
lá de cima nos encanta, de tão bonita que é.
Na quinta
feira à noite as imponentes instalações da Assembléia Legislativa do Ceará
recebeu de forma majestosa o Cariri Cangaço 2018. O auditório da Casa ficou
lotado de pesquisadores e convidados, muitos deles curiosos para saber o que um
evento que tem “cangaço” no nome estava fazendo ali, num lugar que se fazem
leis. Quem foi saiu satisfeito, compreendendo a importância do seminário para a
cultura nordestina.
Na sexta feira
27 os participantes do evento passaram o dia na Casa José de Alencar, da
Universidade Federal do Ceará. Um curioso leigo pode até questionar: “Teve
alguma ação do cangaço em Fortaleza, para que essa cidade receba tal evento?”
Pode-se muito bem para tal indagação responder com a seguinte pergunta: Ué, e
tem mar no sertão? Rogaciano Leite diz em sua poesia ”Aos críticos” que no
Sertão “temos poesia que exalta o que é sentimento e a força do pensamento de
quem sabe improvisar. Tem verso livre, tem verso parnasiano, e mesmo longe do
oceano tem galope à beira-mar".
Logicamente o
cangaço foi discutido, assim como coronelismo e principalmente messianismo.
Quem pode falar do Nordeste sem falar em Antônio Conselheiro e, especialmente
estando no Ceará não discutir Padre Cícero? Doutora Luitigarde Oliveira
encantou a platéia com sua explanação sobre o “Padim” e o Conselheiro. Não é à
toa que a antropóloga é um dos maiores nomes do país no assunto.
Na tarde do sábado o “bando de cangaceiros” foi recebido no majestoso casarão da Academia Cearense de Letras, onde o erudito e o popular se encontraram. O ambiente chique e refinado cedeu seu espaço para o popular da literatura de cordel e cabras de chapéu de couro quebrado na testa.
A nata da
intelectualidade do Ceará estava presente ao Palácio da Luz e, se existia algum
tipo de desconfiança ou preconceito ao termo cangaço, esse acabou por ali. Um
dos presentes a usar da palavra declarou: “Severo, eu não conhecia o Cariri
Cangaço, mas a partir de agora que conheci, peço que não me deixe de fora de
outro.”
Mal terminou o
primeiro encontro do ano, o Cariri Cangaço Fortaleza, já bateu saudade. A
expectativa agora é poço Redondo, de 14 a 17 de junho.
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