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quarta-feira, 30 de maio de 2018

MANÉ NETO E O LADRÃO ESPERTALHÃO


Por Ruy Lima

Resumo da inusitada e hilariante história envolvendo o famoso ex-chefe da volante dos nazarenos, Manoel de Souza Neto, ou Mané Neto, então delegado de Sertânia/PE, e um ladrão, arrombador de casa, em 1945, constante da obra “O Caso Eu Conto Como O Caso Foi: Da Coluna Prestes À Queda De Arraes”, de Paulo Cavalcanti (1915-1995) político, promotor público, jornalista e memorialista pernambucano. 

O enredo está contado na primeira pessoa 

“A Polícia de Petrolina, no alto sertão pernambucano, mandara avisar à de Sertânia que estaria residindo ali um perigoso arrombador, agente de muitos crimes, inclusive na própria Petrolina. O tipo do delinquente e seus traços fisionômicos foram fornecidos ao capitão Manoel de Souza Neto, da Força Policial do Estado, e delegado de polícia da 8ª Zona, sediada na minha comarca. Manoel Neto era um experiente oficial, solteirão, falando manso, mas de uma coragem inaudita. Como chefe de forças volantes, já entrara em lutas com os bandos de Lampião, trazendo no corpo, encravados, vários estilhaços de bala de seus confrontos com o famoso “Rei do Cangaço”. Dizia-se que Lampião o temia como um dos seus mais corajosos perseguidores. 

Com se faro policial, acostumados às lides da caatinga, Manoel Neto começou a suspeitar de um indivíduo, recém-chegado à cidade, com hábitos diferentes dos da maioria de seus habitantes. Nos estilos, resolveu prendê-lo. E, como ele não se explicasse muito, resolveu, também nos estilos, espanca-lo. No ato da prisão, o indivíduo, que se dizia chamar João Tibúrcio, portava um revólver na cintura, trazendo consigo uma capa de gabardine já surrada. 

Com capa e tudo, João Tibúrcio, o corpo moído de cacete, foi trancafiado na Cadeia Pública da cidade. Ainda assim, nada confessou – dizendo-se inocente. 


O interesse do Manoel Neto era saber em que lugar o ladrão havia escondido o dinheiro que trouxera da Petrolina. 

No dia 6 de junho, o capitão, por volta das catorze horas, compareceu ao xadrez de João Tibúrcio, chamando o preso à grade de entrada. Com sua voz mansa, mas amedrontadora, o delegado insistia pela localização da importância roubada, insinuando que o meliante poderia ser novamente espancado, se não confessasse o crime. 

Dentro da capa de gabardine, ao ser preso, João Tibúrcio ocultara o revólver T.A.C., calibre 32, nº 201.736. Satisfeita com a apreensão da outra arma, um Smith-Wesson, que o malandro trazia à cintura, a polícia não procurou revistar mais nada, permitindo que o ladrão entrasse no xadrez com o T.A.C. às ocultas. 

Era ponto pacífico para João Tibúrcio vingar-se do espancamento que lhe havia sido infligido pelo capitão. E a hora da forra chegara – Manoel Neto, ali, diante dele, ao alcance de seu revólver. 

Enquanto isso, a conversa se mantinha no mesmo nível – delegado perguntando coisas e o preso respondendo com evasivas. João Tibúrcio pediu licença para ir ao interior da cela, no sanitário – com promessa de que, na volta, contaria novidade ao capitão. No WC do cubículo, desvencilhou-se definitivamente das dobras internas da capa, rasgandoas, para pegar a arma. E, de pronto, voltou às grades, já aí com o revólver engatilhado. Era só acionar o gatilho. 

O primeiro estampido surpreendeu Manoel Neto, que, ligeiro, procurou, mesmo ferido, fugir do alcance de outras balas de seu agressor, esgueirando-se pelo corredor da cadeia. João Tibúrcio então colocou o braço direito para fora da grade e acionou pela segunda vez o revólver, no momento em que o delegado dobrava a esquina do corredor. A primeira bala alojou-se nos intestinos, produzindo mais de dez perfurações. A segunda, alcançou-o no ombro, superficialmente. 

A cidade ficou em Pânico: “Mataram o capitão!” Aos poucos uma enorme massa humana se postava diante da cadeira. João Tibúrcio lá dentro, como fera acuada, gritando que descarregaria o resto da sua munição em que se afoitasse em chegar à sua frente. 

Descansando do almoço, fui avisado do ocorrido. E me desloquei imediatamente para a Cadeia Pública. Rompi a multidão e cheguei ao local em que Manoel Neto se achava, cercado de populares, o médico Raul Lafaiete já o atendendo. De breve conversa que mantive com Raul, ficou de logo entendido que o caso era de natureza grave, exigindo tratamento cirúrgico. 

Sertânia não tinha hospital. O mais próximo era o de Pesqueira, a algumas horas de automóvel dali. Não perdemos tempo: chamamos José de Bastos, proprietário do único automóvel de aluguel da cidade, e o incumbimos de transportar o delegado a Pesqueira, sem perda de tempo. Com o motorista, viajaram outras pessoas. 

Depois que o carro saiu da cidade, voltei à cadeia e me pus a poucos metros da cela de João Tibúrcio, tentando falar com ele. Aos gritos, de longe, dialoguei como o criminoso. Assegurando-lhe garantias de vida, pedi que se entregasse. Em vão: 

- Vocês querem me matar! Quem vier aqui, morre! Eu não me rendo, não! Alegando que não podia confiar em mim porque não sabia quem era eu, João Tibúrcio pediu a interferência de uma das pessoas que conhecia em Sertânia: “Seu” Maninho, Emanuel Veras, gerente da “americana” – como o povo chamava a Anderson Clayton. Mandei buscar o Maninho. 

Com o endosso de Maninho, o criminoso passava de certo modo a confiar em mim. Reiterei a promessa de que, se ele me entregasse o revólver, sua vida seria respeitada. Dei-lhe minha palavra de honra. 

- Tá combinado. Mas se o senhor vir até o meu xadrez desacompanhado. Só confio no senhor, doutor. Venha à minha presença sozinho que lhe darei o revólver. 

Aproximei-me, passos tranquilos e seguros, e, num lance, pulei em cima do braço de João Tibúrcio tomando-lhe a arma. Ele não reagiu, jurando que seu propósito era o de receber-me segundo prometido. 

Enfiando a arma na cintura, vi quando a massa humana invadiu o corredor, à frente o sargento Dudu, com seus cento e vinte quilos de banha, a barriga domando todos os espaços do dólman. Junto ao sargento. O soldado Manoel Cavalcanti, compadre e amigo de Manoel Neto. De posse de um punhal de mais de quinze centímetros de lâmina, já fora da bainha, Manoel Cavalcanti gritava que iria sangrar “aquele bandido que matou meu capitão e meu compadra!!” 


Vendo-o exaltado, disse-lhe que o preso estava sob minhas ordens de promotor público. O soldado não se deu por achado. 

- Não, doutor: esse cabra vai ser sangrado agora mesmo. Não há quem me impeça! 

O carcereiro da Cadeia Pública já havia, sob temor, entregue a chave da cela de João Tibúrcio a Manoel Cavalcanti.” 

Prólogo 

Em 1945, o então capitão Manoel Neto, delegado de Sertânia, prendeu um sujeito chamado João Tibúrcio, suspeito de ter arrombado casas em Petrolina, de onde roubou muito dinheiro e que agora estava em Sertânia, para cometer as mesmas façanhas. Os soldados tomaram-lhe um revolver que levava na cintura e o jogaram no xadrez, vestido de uma surrada capa de gabardine. Mesmo sendo bastante espancado, o sujeito não revelou nada. Em uma segunda “visita” ao xadrez, o delegado Manoel Neto foi surpreendido por tiros desferidos por uma arma que o gatuno havia escondido na sua capa de gabardine. Manoel Neto foi ferido nos intestinos e no ombro. O médico que o atendeu de emergência sugeriu encaminhá-lo ao hospital de Pesqueira, para ser submetido a cirurgia, já que em Sertânia não havia hospital. 

O promotor da cidade, usando da sua autoridade, conseguiu negociar com o preso e tomou-lhe a arma. 

Entretanto, a cadeia já estava invadida por uma multidão que queria linchar o sujeito. O soldado Manoel Cavalcanti, muito ligado ao capitão, queria a todo custo sangrar o bandido que matou o seu capitão e seu compadre. 

“Ao tentar demovê-lo da ameaça de matar o agressor, fui ligeiramente empurrado pelo soldado, que trincava os dentes e se babava de ódio. Ordenei ao sargento Dudu que o prendesse, o gordo militar hesitando em atender à minhas determinações. Gritei que se o sargento Dudu não prendesse naquele instante o soldado, ele, sargento, é que seria preso por mim. No meio da confusão, com a ajuda de Maninho Veras, Antônio Olinto, João Dudu e outras pessoas, consegui que Manoel Cavalcanti voltasse atrás, entregando-me o punhal. 

João Tibúrcio, perplexo, a tudo assistia, de dentro do xadrez. 

O Juiz de Direito da comarca, Ângelo Jordão de Vasconcelos, filho, estava ausente em sua fazenda de gado no município de Afogados da Ingazeira. 

No outro dia, interroguei João Tibúrcio no fórum da cidade – uma dependência térrea do edifício da prefeitura. Diante das marcas de sevícia que apresentava, requisitei um exame pericial, que o médico Raul Lafaiete realizou na mesma ocasião. 

Tratando-o com urbanidade, pedi ao criminoso que me contasse toda a sua história, repetindo-lhe as garantias de vida que oferecer desde o primeiro momento. Aí o agressor me disse que seu nome verdadeiro era João Pedro da Silva, usando os nomes de João Tibúrcio, Faustino e João Soares da Silva, “para se livrar de dificuldades”. Observei logo que estava diante de um criminoso já conhecido da polícia. 

Depois das primeiras declarações e efetuado o exame pericial, João Tibúrcio ou João Soares da Silva ou Faustino voltou à cadeia. 

Neste meio-tempo, a cidade se dividia entre apoiar-me nas ações e recriminar mina “proteção” ao criminoso. 

Fortemente escoltado, João Tibúrcio voltou à minha presença em meu gabinete do fórum. Sabia-o analfabeto, posto que deixara de assinar seu nome no termo de interrogatório, de véspera. Então simulei que havia recebido um ofício da Secretaria de Segurança Pública, contando-me todo o seu passado. João Tibúrcio demonstrou espanto, fumando nervosamente – com os cigarros que eu próprio fornecia, para ganhar-lhe a confiança no trato ameno. Em gesto previamente estudado, passei às mãos do criminoso um papel qualquer. Com um timbre de repartição pública, ao mesmo tempo que pedia que lesse. 

- Isso aí é o ofício que eu recebi da polícia do Recife. Toda sua vida está contada nesse papel. Pode lê-lo. 

Eu já sabia que João Tibúrcio ia dizer que era analfabeto, por isso é que preparara a cena. Reafirmando que todo o seu passado constava daquele documento e exigindo reciprocidade às minhas atitudes de respeito à sua pessoa, inclusive garantindo-lhe a vida, adiantei ao criminoso que ia lhe fazer uma pergunta, só uma pergunta, naquele dia. 

- Quando foi que você fugiu do presídio de Itamaracá? 

João Tibúrcio, sem perder um segundo na sua resposta, foi taxativo: 

- Em novembro do ano passado, pelo mar. 

As notícias que vinham de Pesqueira davam conta de que o capitão Manoel Neto havia sido operado pelo dr. Valdir Lopes, passando razoavelmente bem, estando fora de perigo. 

Por esse tempo, a Secretaria de Segurança Pública, de posse de minhas primeiras informações, mandavam-me dizer que João Tibúrcio era um célebre assassino, acostumado a fugir das cadeias do Estado, além de perigoso arrombador – fugitivo da Justiça de Alagoas. 

Os interrogatórios prosseguiam, eu ouvindo diariamente o agressor do capitão, e o comissário de polícia, João Dudu, apondo sua assinatura nos termos do inquérito. 

Dias depois, chegaram a Sertânia o investigador Rátis e o comissário Soares, da Secretaria de Segurança Pública. Vinham apurar o que já devidamente apurado. Depois de ler os autos do inquérito policial, os dois agentes de segurança, alegando que precisavam voltar prestigiados, pediram que eu lhes permitisse aparecer na imprensa da Capital e na Secretaria com os homens que haviam conseguido as confissões de João Tibúrcio. Não me fiz de rogado. No fim das contas, iria contribuir para prestigiar dois antigos servidores públicos, aumentando e enriquecendo o “cartaz” da repartição. 

Quinze dias depois do atentado, Manoel Neto voltou a Sertânia, o povo proporcionando-lhe festiva recepção na estação da Great Western. O bravo perseguidor de Lampião era realmente forte, um tipo físico seco, mas resistente. 

Mal teve alta do hospital – e eis que o delegado voltou às suas funções. A essa altura, João Tibúrcio estava com a prisão preventiva decretada pelo Juiz de Direito. 

Novamente, foi Manoel Neto à porta do xadrez de seu agressor: 

- Como é, seu cabra, você diz ou não diz onde escondeu o dinheiro de Petrolina? 

Aparentando arrependimento, João Tibúrcio respondeu que o faria, se fosse levado ao local – e indicou um terreno da cidade, próximo à estrada de ferro. 

Mais do que depressa, Manoel Neto mandou abrir a cela e saiu com o preso – sob a escolta de dois soldados, um pesadão, pachorrento, outro mal restabelecido de uma crise de maleita. Chegados à margem de uma cerca de aveloz, João Tibúrcio apontou para o outro lado. Ali estaria, enterrado, o pacote de dinheiro que trouxera de Petrolina. Manoel Neto, precavido, mandou que um soldado pulasse a cerca em primeiro lugar e ficasse esperando, do outro lado, o criminoso – com o fuzil na mão, pronto para qualquer eventualidade – o outro soldado montando guarda ao arrombado, do lado contrário, também armado de fuzil. 

Quando João Tibúrcio galgou a cerca – o primeiro gesto que fez foi empurrar com a perna o corpanzil do “meganha”, deixando-o cair, esborrachado, no solo, disparando em correria pelas caatingas.

A cidade explodiu de estupefação, muitos censurando o procedimento do delegado, que retirara da cadeia um homem que estava à disposição da Justiça, com prisão preventiva decretada. 

Novamente, encabecei as diligências – o juiz fora da comarca e o delegado desmoralizado. 

Como percebi que João Tibúrcio estava apaixonado por sua amásia, advertir o comissário João Dudu da possibilidade de o fugitivo tornar à casa. As estradas de Sertânia estavam sob controle, eu requisitando as viaturas do Departamento de Estradas de Rodagem e o pessoal disponível das repartições públicas – a cidade toda pondo-se à procura do fugitivo. 

Pela madrugada, burlando a vigilância de seus perseguidores, João Tibúrcio bateu na porta traseira de seu mocambo, chamando pelo nome da mulher – a essa altura instruída para dar aviso à polícia, que se colocara desde cedo próximo à residência. 

Nu em pelo, João Tibúrcio quis fugir, sendo alvejado por José Alves da Silva, conhecido por “Zé Queimada”, um dos populares que se haviam oferecido para sua captura. A bala transfixou-se o fígado. Era noite de véspera de São João, a sede do América Futebol Clube de Sertânia abrindo seus salões para uma grande festa junina. A custo, consegui convencer que o médico do posto de saúde do município atendesse o ferido. Havia na cidade um generalizado sentimento de repulsa ao arrombador, pela tentativa de morte contra o capitão Manoel Neto. 

Levamos, então o criminoso para o consultório do médico, onde se prestaram os socorros de urgência, após o que providenciamos a volta do fugitivo à Cadeia Pública. Durante o atendimento eu, na cabeceira da mesa de curativos, instei João Tibúrcio a contar mais outros casos de sua vida. Talvez pensando que fosse morrer ou, quem sabe, sensível aos repetidos gestos de humanidade da minha parte, declarou que estava condenado à pena de quinze anos e seis meses de prisão, na comarca de Correntes, por tentativa de morte e outros delitos, bem como em Garanhuns – cidades de Pernambuco. E assim foi encadeando tosos os fatos de sua história, eu anotando o que interessava à Justiça. 

Uma noite, os soldados do destacamento, de guarda na cadeia, ouviram fortes gemidos de João Tibúrcio, deitado na cama da cela: 

- Ai, meu Deus! Que dor! Não aguento mais! Sei que não amanheço! 

Pela manhã do dia seguinte, o carcereiro notou que o preso não acordara à hora de costume. Olhou a cama e viu um lençol branco cobrindo um corpo humano, de pernas cruzadas para cima, a cabeça encoberta. Admitindo que o detendo tivesse morrido pela madrugada, o carcereiro alarmou os soldados e resolveu abrir o cadeado da cela. 

A cena era cômica: em lugar de João Tibúrcio, o que havia na cama era um tripé de madeira, imitando um corpo humano de pernas cruzadas, o lençol ardilosamente colocado em cima. Bem que o arrombador dissera, em seus gemidos, que não amanheceria. Não amanheceria na cadeia, já se vê. 

O foragido havia perfurado o estuque do xadrez dom um ferro pontiagudo, retirado da caixa de descarga da cela. E, com ele, passara a noite trabalhado. Para evitar que os soldados não ouvissem o barulho, João Tibúrcio, astuciosamente, abriu a torneira do banheiro, deixando a água correr a noite toda dentro de um balde. 

Meses depois, soubemos que voltou a ser preso em Alagoas. Por segurança, ficou ele dessa vez na Casa de Detenção do Recife, enquanto o processo criminal corria na comarca de Sertânia. 

Em 1949, integrando uma Comissão Parlamentar de Inquérito da Assembleia Legislativa do Estado, fui à Casa de Detenção com outros deputados. Um detento, na visita bateu no meu ombro, rindo: 

- O senhor não se lembra de mim, não? Eu sou aquele homem que atirou no capitão Manoel Neto em Sertânia. 

João Tibúrcio, fisicamente, era o mesmo: boa aparência, seco, falastrão. 

Depois de relembrar alguns aspectos de sua vida, advertiu, entre zombarias: 

- Não vou demorar muito aqui, não, doutor! Vou fugir de novo. O senhor vai ver. 

Ao tempo em que a energia elétrica do Recife era fornecida pela Pernambuco Tramways, já no fim desse período, a cidade, de quando em quando, ficava às escuras, um tipo de black-out estabelecido para racionalizar o consumo. A Casa de Detenção não fugia à regra. Só que, mal interrompido o fornecimento de energia, o presídio fazia funcionar geradores próprios, que alimentavam os fios fortemente estendidos em seus muros externos, como proteção contra fugas de detentos. 

Observador, João Tibúrcio ficou à espera, certa noite, do momento de interrupção da corrente elétrica. E, entre o black-out da Tramways e o instante de ligação dos geradores do presídio – coisas de poucos segundos -, o agressor do capitão Manoel Neto pulou os arames eletrificados e, valendo-se das tiras de um lençol velho, desceu dos altos muros da Casa de Detenção para os lados da Estação Ferroviária - fugindo mais uma vez. 

Como de hábito, tornou a ser capturado, nessa ocasião em Minas Gerais, voltando para o Recife. 

Mas, certo dia, em consequência de briga com outro preso, foi morto por um longo espeto de assar carne, que lhe varou o corpo, da virilha ao coração, quando subia uma escada no presídio. 

Aqui termina, pois, a história desse anti-herói popular, bravo, à sua maneira, nas disputas contra os “homens da lei”  

” Extraído da obra “O Caso eu conto como o caso foi: Da Coluna Prestes à Queda de Arraes” – de Paulo Cavalcanti Ruy Lima – 28/05/2018

Enviado por Ruy Lima

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