28/7/1938, Fazenda de Angicos, município de Poço Redondo (SE).
O terceiro
filho do pequeno fazendeiro José Ferreira da Silva e de sua mulher Maria Lopes
recebeu o nome de Virgulino Ferreira da Silva e iria inscrevê-lo a ferro e fogo
na história do Nordeste e do Brasil. Antes disso, porém, teve uma infância e
uma adolescência comum a todos os meninos de uma baixa classe média sertaneja:
aprendeu a ler e a escrever, mas logo foi ajudar o pai, pastoreando seu gado.
Frequentava as
feiras das cidades próximas às terras da família, onde ouvia os violeiros e os
poetas de cordel narrarem as aventuras dos cangaceiros, que povoavam o
imaginário popular nordestino, sendo simultaneamente heróis e bandidos. Aliás,
para as crianças da região brincar de cangaceiro e polícia era uma variante
local do atual "mocinho e bandido".
As rixas entre
famílias eram frequentes no sertão, em especial quando envolviam questões
acerca dos limites das propriedades e uma dessas rixas envolveu a família de
José Ferreira da Silva com seu vizinho José Saturnino. Além de alguns
tiroteios, o conflito terminou com a decisão de um coronel local em favor de
Saturnino.
Revoltado,
Virgulino e dois irmãos teriam se juntado ao bando do cangaceiro Sinhô Pereira,
em busca de vingança. Corria o ano de 1920 e - devido a sua capacidade de
disparar consecutivamente, iluminando a noite - Virgulino ganhou o apelido de
Lampião. Possivelmente em função disso, a polícia cercou o sítio da família e
matou seu pai a tiros. Resultado: Lampião e os dois irmãos entraram
definitivamente para o cangaço.
Em 1922, Sinhô
Pereira deixou o cangaço. Lampião assumiu a liderança do bando que praticou
ações de banditismo nos quatro anos seguintes, atuando nos estados de
Pernambuco, Paraíba e Alagoas. Em 1926, refugiou-se no Ceará e recebeu uma
intimação do padre Cícero. Compareceu a sua presença, recebeu um sermão por
seus crimes e ainda a proposta de combater a Coluna Prestes que, naquela época,
se encontrava pelo Nordeste.
Em troca, Lampião receberia anistia e a patente de capitão dos Batalhões Patrióticos, como se chamavam as tropas recrutadas para combater os revolucionários. O capitão Virgulino e seu bando partiram à caça de Prestes, mas ao chegar a Pernambuco, foi perseguido pela polícia e descobriu que nem a anistia nem a patente tinham valor oficial. Voltou, então, ao banditismo.
Em 1927,
encorajado pela própria fama, tentou invadir uma cidade maior do que as
habituais: Mossoró, no Rio Grande do Norte. A população, porém, se uniu e
rechaçou os cangaceiros. No ano seguinte, Lampião incluiu a Bahia nos locais
onde praticava seus crimes.
Em fins de
1930 ou começo de 1931, escondido na fazenda de um coiteiro - nome dado a quem
acolhia os cangaceiros - conheceu Maria Déia Nenén, a mulher de um sapateiro,
que se apaixonou por ele e com ele fugiu, ingressando no bando. A mulher de
Lampião ficou conhecida como Maria Bonita e, a partir daí, várias outras
mulheres se integraram ao bando.
Um pouco pela
ambiguidade da vida dos cangaceiros - que às vezes atuavam como justiceiros,
auxiliando os pobres, um pouco por contarem com o auxílio de coronéis a quem
prestavam serviços, um pouco pela incompetência das autoridades locais, bem
como pelo descaso do Governo federal, a vida de crimes do bando de Lampião
prosseguiu por mais seis anos.
Afinal, o
bando foi cercado na fazenda de Angicos, no atual município de Poço Redondo, em
Sergipe, onde estavam acampados. Foram pegos de surpresa e muitos não
conseguiram escapar. Entre eles Lampião e Maria Bonita. Os cangaceiros foram
decapitados e suas cabeças ficaram expostas no Museu Nina Rodrigues, em
Salvador, até 1968.
Fonte:
"Lampião", Billy Jaynes Chandler, Paz e Terra, 2003
https://www.facebook.com/moacyrteles/posts/1964635703582354?__tn__=K-R
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