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segunda-feira, 27 de agosto de 2018

A TRAJETÓRIA GUERREIRA DE MARIA BONITA – A RAINHA DO CANGAÇO


Por Sálvio Siqueira

Livro pioneiro sobre a biografia da cangaceira filha do casal Sr.José Gomes de Oliveira e de dona Maria Joaquina Conceição Oliveira, Maria Gomes de Oliveira, conhecida em sua região pela alcunha de ‘Maria de Déa’, já que sua mãe era conhecida por ‘Dona Déa’, a Maria do Capitão, Maria de Lampião, a qual ficou internacionalmente conhecida por “Maria Bonita”, a ‘rainha do cangaço’, companheira do chefe cangaceiro Virgolino Ferreira, o famoso Lampião, “rei dos cangaceiros”.


A Cangaceira Maria Bonita tem por BIÓGRAFO o escritor e pesquisador João de Sousa Lima.

Ele, em parceria com a prefeitura de Paulo Afonso e a UNEB - Campus VIII, promoveu o seminário do centenário da Rainha do Cangaço que culminou com a conclusão da obra real e pioneira sobre a biografia de Maria Gomes de Oliveira, em três etapas as quais tiveram seu término em 2011.

Artigo publicado no jornal A TARDE, de Salvador, dia 27/02/2010. O texto é parte de capítulo do livro Maria Bonita-Diferentes contextos que envolvem a vida da Rainha do Cangaço-Lançamento UNEB 8/3/10.

“Na data conhecida hoje como Dia Internacional da Mulher, 8 de março, no ano de 1911, nasceu, na aridez do Sertão da Malhada da Caiçara, Maria Gomes de Oliveira, Maria Bonita, a Rainha do Cangaço. A UNEB e a Prefeitura de Paulo Afonso realizam, desde 2009, seminários para discussão da controvertida, polêmica e ainda incompleta história dessa mulher sertaneja.

Antônio Galdino da Silva.

A temática do cangaço e a vida de Lampião têm merecido estudos cada vez mais intensos. Nas universidades, é tema de mestrados e doutorados pelo mundo afora. A literatura, e desde a sua contemporaneidade, os folhetos de cordel, espalham os feitos do Rei do Cangaço e de muitos dos cangaceiros que cruzaram o Nordeste desafiando o Brasil Oficial ou a seu serviço.

O cinema, ao longo de décadas, tem mostrado a figura do cangaceiro, real ou caricata, para consumo de milhões de pessoas, em filmes memoráveis como O Cangaceiro, de Lima Barreto, de 1953, com diálogos de Raquel de Queiroz, o primeiro filme sobre o tema cangaço e ganhador de vários prêmios internacionais, inclusive o Festival de Cannes daquele ano.

Centenas de outras produções do gênero foram criadas e até as grandes redes de televisão do Brasil investiram em mini-séries sobre o tema.

A modernidade da internet, possibilita o acesso a milhões de páginas, milhares de sítios (sites). Palavras-chave como “cangaço”, “Lampião” ou “Maria Bonita” merecem milhões de páginas em sites de pesquisa na grande rede mundial.

Tão intensa é a procura pelo assunto que, ao lado de escritores e estudiosos sérios têm aparecido oportunistas que criam fatos e enredos gerando conflitos entre a verdadeira história e as invencionices mais absurdas que povoam o imaginário popular.

E a história ganha contornos contraditórios, num tema sempre muito polêmico, o que levou o jornalista e professor de História da UFP, Mário Hélio a afirmar que “há, obviamente, um Lampião real, e um outro, muito mais vivo e forte que este, mítico.” E acrescenta, na apresentação do livro De Virgulino a Lampião de Vera Ferreira e Antônio Amaury, que “ainda está aberto a exame o que há de mítico e de real em Lampião e no cangaço, num trabalho de história comparada, interdisciplinar pela sua própria natureza”.

Aos poucos, depois que apareceu Maria Bonita ao lado de Lampião, outras mulheres foram sendo aceitas nos bandos mas, em que pese a grande quantidade de pesquisa, livros, estudos, filmes sobre o cangaço, pouco se tem falado sobre esta presença feminina no meio dos cangaceiros e a influência que elas exerceram em sua trajetória, nas veredas, nos coitos, nas cidades, nas brenhas da caatinga ou nas cidades por onde os cangaceiros e as volantes, os policiais que andavam no seu encalço, deixaram nos sete estados nordestinos por onde passaram durante as décadas de sobrevivência nas terras nordestinas.
Bem menor tem sido o espaço dedicado ao estudo da presença da mulher como parte integrante desse universo.

O escritor Antônio Amaury, em seu livro Lampião: as mulheres e o Cangaço, de 1984, mostra, segundo Franklin Maxado ao apresentar este livro, “o lado sexual ou o das mulheres no cangaço, lado pouco explorado desse mundo”.

Em 1997, Ilda Ribeiro de Souza, a cangaceira Sila, assina o livro Angico, eu sobrevivi – confissões de uma guerreira do cangaço. Mais adiante, em 2003, Antônio Amaury destaca a importância da cangaceira Dadá, valente, guerreira, companheira do Corisco, o Diabo Louro e sua privilegiada memória que lhe permitiu conseguir informações importantes sobre o cangaço nos muitos meses em que ela foi sua hóspede, em São Paulo. Com essa informação privilegiada, Amaury escreveu “Gente de Lampião: Dadá e Corisco”.

Mais recentemente, em 2005, João de Souza Lima focou suas pesquisas em Maria Bonita, e escreveu A trajetória guerreira de Maria Bonita, a Rainha do Cangaço.

Como analisar o comportamento dessa mulher que ousou deixar um marido com quem se casara ainda adolescente e com quem vivia um casamento enfadonho e cheio de brigas, rompeu os paradigmas de sua época, abandonou os costumes, tradições e feriu a honradez da família e preferiu largar a vida pacata e morosa da Malhada da Caiçara e embrenhar-se pela caatinga a fora na garupa ou na pisada do Rei do Cangaço e assumir uma vida de confrontos com a polícia, fugas pela caatinga, sem a paz suficiente para manter vivos em seu ventre os filhos gerados ou dedicar-se a embalar, como mãe presente, a sua menina, Expedita, criada por amigos, sem que lhe pudesse dar o seio e acalentá-la no aconchego do colo materno. Não a viu crescer e apenas poucas vezes a abraçou em visitas corridas, de pouco tempo.

Como compreender essa mulher que nasceu em 8 de março de 1911, data em que, obviamente por outros motivos, se passou a comemorar, em todo o mundo, o Dia Internacional da Mulher.

Sobre sua história criou-se um mito. Há os que lhe traçam um perfil de heroína, rompedora de princípios seculares, normas não escritas ou de fundamentação religiosa, padrões mantidos através das gerações em que a mulher deveria ser submissa ao marido, afeita aos afazeres do lar, recatada ao extremo e sempre pronta para gerar dezenas de filhos. Outros existem que a colocam na condição da adúltera Maria Madalena e não perdem a oportunidade de lhe atirar pedras.

Quando, certa vez apareceu no bando um dos seus irmãos querendo virar cangaceiro, ao enxotá-lo de volta ela teria dito “desgraçada por desgraçada aqui, basta eu”, o que é uma avaliação bem negativa do modo de vida que o cangaço oferecia aos que ali estavam.

Mas ela nunca abandonou o cangaço embora alguns escritores afirmem que, em várias oportunidades, ela tenha tentado induzir o seu companheiro Lampião a mudar de vida. Isso induz a um questionamento por certo ainda não respondido satisfatoriamente.

A permanência de Maria Bonita no cangaço até à morte foi motivada pela paixão por Virgulino ou o cangaço, especialmente para as mulheres, era um caminho sem volta?” (folhasertaneja.com)

“Saiu a segunda edição da biografia de Maria Bonita. O livro retrata a vida da Rainha do Cangaço, desde seu nascimento, passando pela infância e juventude, até sua morte em 1938, ao lado de Lampião. O livro hoje é uma referência para quem estuda o tema cangaço e um dos trabalhos mais lidos e respeitados. Indico o livro com a certeza de uma ótima leitura e o prazer de se conhecer a verdadeira vida de uma das mais polêmicas mulheres da história brasileira. “ 

(Prof. Edson Barreto)

O consagrado pesquisador/historiador Antônio Amaury, autor de várias obras literárias sobre o tema, ainda em 2004, referiu assim sobre o pioneiroismo de João de Sousa Lima sobre a historiografia de Maria bonita:

“Esta é a primeira vez que um pesquisador se propõe a fazer um trabalho com o enfoque em Maria Bonita, a jovem que quebrou as regras até então vigentes para o cangaço.

O escritor João de Sousa Lima coloca ao alcance daqueles que desejam conhecer detalhes obscuros da vida daquela que viveu um grande amor com o mais famoso bandoleiro do Brasil. (...) O escritor João de Sousa Lima coloca no alvo do seu interesse maior, a figura daquela que abriu as portas para a presença feminina junto a um grupo de homens guerreiros (...).” (Antônio Amaury Corrêa de Araújo – São Paulo, 30 de agosto de 2004)

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