Foi nessa casa (Fotos) feita de pau a pique (Taipa) pertencente ao casal Luís Pereira e dona Balô (Maria Rosa), localizada no povoado Salgadinho, atualmente pertencente o município baiano de Paulo Afonso, que Lídia Pereira de Sousa, filha do casal, conheceu após meados do ano de 1931 o temível cangaceiro Zé Baiano, um dos mais temíveis chefes de subgrupos do bando de Lampião. Na ocasião o cangaceiro Zé Baiano, que vinha acompanhado de Lampião e parte do bando, ficou “hospedado” na casa dos pais de Lídia, para se tratar de um tumor no pescoço que vinha lhe causando fortes dores pelo corpo. Lampião seguiu viagem com o restante do bando e Zé Baiano permaneceu acoitado na casa até seu restabelecimento.
A jovem Lídia, que contava com apenas quinze anos de idade, foi sendo envolvida e seduzida pelo cangaceiro e terminou resolvendo segui-lo no cangaço, como sua companheira.
Lídia, ao contrário daquilo que muitos pensam, não foi raptada, movida certamente pela ingenuidade e visando uma vida livre e farta ao seu ver, resolveu seguir o cangaceiro por livre e espontânea vontade. Ao cair em si e ter ciência da dura realidade sobre a vida que teria pela frente Lídia quis voltar atrás, mas já era tarde demais para tomar uma decisão que aquela altura viesse a contrariar o temível e implacável Zé Baiano.
Lídia passou a partir de então a viver amargurada ao lado de um homem que não amava. Consequência de sua escolha equivocada.
O tempo passa e no cangaço Lídia reencontra um antigo amigo de infância por nome Ademórcio, no cangaço conhecido como Bem-Te-Vi, os dois se envolvem em um caso amoroso que terminaria de forma trágica. Que encerraria com o trucidamento de Lídia através das mãos de seu próprio companheiro, após ter sido flagrada por outro cangaceiro em ato de adultério com seu amante. Bem-Te-Vi. Após ter o adultério revelado por um cangaceiro chamado Coqueiro, que após fazer a delação foi eliminado, uns dizem ter sido assassinado pelo cangaceiro Gato II (Santílio Barros) e outros afirmam ter sido o próprio Lampião o autor do crime, Lídia foi presa e amarrada em uma árvore onde passou a noite amarrada, sendo morta a pauladas pelo companheiro na manhã do dia seguinte.
Lídia passou a mexer com o imaginário de todos e a falta de uma imagem sua somente ampliou a curiosidade de estudiosos, pesquisadores e curiosos do assunto, que buscam em suas imaginações o estereótipo de beleza da bela baiana cangaceira do Salgadinho. Uma beleza que se perdeu para sempre e que permaneceu viva apenas na memória daqueles que a conheceram.
Uma história de ilusão, paixão, sangue e sofrimento que ainda hoje desperta fascínio e interesse nas pessoas e que se perpetuará através do tempo através das pesquisas, estudos e escritos sobre o assunto.
Recentemente o nosso “enviado-cangaceiro especial” Sandro Lee (Pesquisador e Escritor), que há tempos vem seguindo as pegadas de Virgolino Ferreira, esteve nos escombros da velha casa onde Lídia morou com seus pais e conheceu o seu algóz o cangaceiro Zé Baiano e “profanou” a residência para realizar fotografias fantásticas e exclusivas do interior do que resta da velha casa que serviu como cenário do envolvimento de Lídia e Zé Baiano.
Ao meu camarada Sandro Lee (Paulo Afonso/BA) o meu reconhecimento pelo trabalho de pesquisa que vem desenvolvendo e gratidão pelo envio do material e informações sobre esse e tantos outros assuntos envolvendo o universo cangaceiro. Tenho a plena convicção que nossa luta não será em vão. Ela contribuirá para o conhecimento dessa e das futuras gerações de pesquisadores e estudiosos e servirá como fonte de pesquisa e curiosidade.
Apreciem sem moderação.
Fotos: Sandro Lee
Geraldo Antônio de Souza Júnior
Na fotografia acima o pesquisador Sandro Lee encontra-se na sala da casa dos pais de Lídia onde o cangaceiro Zé Baiano permaneceu durante o período em que esteve enfermo. |
Na fotografia acima o pesquisador Sandro Lee encontra-se na sala da casa dos pais de Lídia onde o cangaceiro Zé Baiano permaneceu durante o período em que esteve enfermo. |
https://cangacologia.blogspot.com/2018/09/a-casa-da-cangaceira-lidia-companheira.html
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