Por Verluce Ferraz
Virgulino o
Lampião de menino á homem, entrou numa fase de desenvolvimento mental com
a cabeça em tempestade e anormal. Exibia ambições desenfreadas, inteirament4e
desproporcionais as suas escassas condições financeiras. Começa a roubar e
perde a confiança de amigos e vizinhos. Pelos apanhados nos relatos de
pesquisadores, as irmãs não tinham paranoia; os irmãos todos a exceção de
Antônio Ferreira, que cuidava das irmãs e nelas faltava uma hereditariedade
neuropática. Pela música dedicada à avó, a ‘mulé rendeira’ passei a entender os
interesses pelas artes do cangaceiro Virgulino, que de almocreve passa a
confeccionar utensílios de metal, couro, com adornos muito ricos de detalhes,
peças de ouro e pedras preciosas Já rapaz há de fazer as pazes com o seu estilo
de costureiro, bordador, cozinheiro; tal qual fazia a avó materna. Parece, com
isso, conceber de certa calma e sua inclinação para atormentar-se, no meu
entendimento, era menor, mesmo não fugindo da possibilidade de estar pronto
para migrar do coito e fazer novos ataques à população – quando entra para o
mundo cangaceiro. Assaltava, roubava, saqueava o suficiente para manter a si e
seus sequazes. Forma seus grupos e na escassez de alimentos seu trabalho
psicológico era ampliar caminhos; instruir seus grupos para investir sobre
pessoas que pudessem suprir suas necessidades. Tais episódios mentais ocorriam
sempre, e exatamente depois de uma recusa a uma missiva que enviava a qualquer
pessoa que mirasse como alvo para seus saques. Recusava-se a todos e quaisquer
pedidos de clemência, quando surrava e maltratava qualquer pessoa. Virgulino só
conseguia aliviar-se de suas agitações quando cometia atrocidades; matando por
sangramento, esquartejando suas vítimas, ateando fogo em casas e plantações;
seu gozo fálico estava garantido. Mas se fazia de simpático aos possuidores de
bens e que lhe fornecessem estada e poderes. Era cauteloso com esses também;
detestava ser enganado; algumas vezes foi; citemos o caso do Petronilo de
Alcântara Reis.
Ultrapassamos a ordem cronológica da história de Virgulino, o Lampião, mas é bom lembrar do começo oficial dos fatos. Encontrei no livro do escritor José Alves Sobrinho, cujo título Lampião Antônio Ferreira e Levino – A parceria no Cangaço – que relatou que o pai de Lampião era calmo e a mãe muito severa. José Ferreira dos Santos, pai de Virgulino se interessa em ganhar um bom dinheiro para casar com a jovem de 15 anos chamada Maria Sulena da Purificação; só não sabia que a mesma estava grávida de Venancinho Nogueira. Depois ficou sabendo que era marido da jovem por interinidade, mas com a soma recebida em dinheiro e uma parte de terras (150 braças de terras da Fazenda Matinha), ficou satisfeito; afinal, a mocinha era graciosa, de sangue de caboclos da Serra do Umã... – nasce-lhe o menino Antônio Ferreira da Silva, em julho do ano de 1895, primogênito de Maria Sulena da Purificação, tendo por pai Venâncio Barbosa Nogueira, e por avó Jacoza Vieira da Soledade.
Semelhantes casos fronteiriços ao do Virgulino sempre nos chegam. A modificação de sua personalidade, o jeito de comportar-se brando de delírios e alucinações são objeto de comentários de alguns escritores. Chega às livrarias a biografia de João Acácio Pereira Costa, O Bandido da Luz Vermelha, cuja editora é a Noir.
Eis o que
encontrei a respeito do João Acácio Pereira da Costa, o Bandido da Luz
Vermelha, em entrevista com o jornalista baiano, biógrafo, para um jornal, cujo
nome é Gonçalo Junior.
O quê atraiu
você na história do João Acácio?
Gonçalo Junior – A história do bandido sempre me fascinou muito, porque existe um trauma muito grande nesta cidade (São Paulo). Além disso, é um personagem muito interessante para biógrafos. Na verdade, todos os biografados com os quais trabalhei são personagens um pouco à margem do sistema, e vi que a do bandido era interessante nesse sentido. A oportunidade chegou quando decidi ir aos arquivos do Tribunal de Justiça de São Paulo para ver se conseguia acesso a esses arquivos. Consegui e acabei escrevendo o livro.
Ele foi
matéria-prima para um clássico do cinema nacional (“O Bandido da Luz Vermelha”,
1968) e inspirou música (“Rubro Zorro”, do Ira!), e agora vira livro. A vida de
crimes do Joinvilense João Acácio Pereira da Costa, um dos maiores personagens
da crônica policial brasileira, ganhará uma biografia a ser lançada em setembro
pela editora Noir.
“Famigerado –
a Vida e o Tempo de João Acácio, o Bandido da Luz Vermelha” está sendo escrito
por Gonçalo Junior, jornalista baiano radicado em São Paulo com diversas
biografias no currículo. Ele se embrenhou nas 22 mil páginas dos 88 processos
judiciais contra o criminoso que aterrorizou São Paulo nos anos 60, além de
colher vários depoimentos.
Dessa
pesquisa, Gonçalo emerge com um retrato da vida traumática e violenta de João
Acácio – cuja morte completou 20 anos no dia 5 de janeiro -, incluindo sua
infância nas ruas de Joinville, quando iniciou no mundo do crime.
Acompanhando seus passos em Curitiba, Santos e São Paulo, o jornalista chegou a 154 mansões assaltadas na capital paulista, cerca de cem estupros e 12 homicídios cometidos pelo Luz Vermelha. Ou seja, um retrato bem distante da aura reluzente que o filme de Rogério Sganzerla emprestou a ele, como Gonçalo Junior enfatiza nesta entrevista exclusiva a Orelhada.
FIGURAS
ILUSTRATIVAS: 1 - Virgulino o Lampião - 2 João Acácio Pereira da Costa, O
Bandido da Luz Vermelha - 3 - Método utilizado pelo médico cientista Lombroso,
da Escola Italiana.
https://www.facebook.com/psicologiadocangaco/photos/pcb.1037216233292216/1037207633293076/?type=3&theater&ifg=1
http://blogodmendesemendes.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário